Caso Marielle Franco: Terreno de Ronnie Lessa em condomínio de luxo em Angra dos Reis vai a leilão


Terreno tem área total de 3.430 m² e fica dentro do Condomínio Portogalo. Objetivo é quitar dívidas com o condomínio e IPTU, e restante pode ser destinado futuramente às famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes. Terreno de Lessa em Angra dos Reis vai a leilão
Um terreno em um condomínio de luxo em Angra dos Reis (RJ) que pertence a Ronnie Lessa, réu pelos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, vai a leilão. O pregão está marcado para o dia 25 de agosto de 2023, às 12h.
A decisão foi assinada pela da 1ª Vara Cível do município, Andréa Mauro da Gama Lobo D’Eça de Oliveira.
Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes
Reprodução
O terreno tem área total de 3.430 m² e fica dentro do Condomínio Portogalo, considerado de alto padrão. Ele foi avaliado em R$ 520 mil, valor de partida do leilão.
Para determinar o valor, foram feitas análises técnica e mercadológica que compararam o terreno com outros similares no mesmo condomínio, com “segurança fixa e móvel, guaritas e câmeras, acesso terrestre pela BR-101, a Rio-Santos, e também pelo mar”, como informa o edital para a realização do leilão.
A penhora e a avaliação feitas em junho, para conclusão da ação de execução de dívidas condominiais movida pela administração do próprio condomínio.
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O objetivo é que, com a venda, sejam quitadas dívidas com o condomínio que se arrastam desde 2019 e somam mais de R$ 135 mil. Também há dívidas de IPTU em aberto que já passam de R$ 47 mil.
O valor arrecadado será destinado à quitação das dívidas pendentes. O restante deve ser depositado em uma conta do juízo e fica bloqueado até a Justiça decidir qual será o destino. O dinheiro pode ser usado, futuramente, para indenizar as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Procurada pelo g1, a defesa de Ronnie Lessa informou que “recebe com serenidade a notícia” e que “já era uma decisão esperada”.
Plano inicial era cercar terreno
Durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de Ronnie Lessa na Barra da Tijuca, realizado em junho de 2020, policiais encontraram uma planta de um muro de três metros de altura, já com aprovação da prefeitura de Angra dos Reis para construção. O muro, que cercaria o terreno, tinha sido orçado em R$ 123 mil.
Bens sequestrados
Em sua delação premiada à Polícia Federal, o ex-PM Élcio de Queiroz, suspeito de dirigir para Ronnie Lessa no dia do crime, falou sobre o enriquecimento do comparsa depois da morte de Marielle.
“Depois do fato, vi um acréscimo muito grande no patrimônio. Tinha a Evoque, trocou por uma Dodge Ram blindada, uma lancha, uma nova, porque a dele tinha virado no quebra-mar. Depois, teve a situação do terreno dele em Angra dos Reis. Aí eu falei com ele: ‘Pô, cara, em vez de fazer a sua casa, você tá gastando dinheiro com casa de praia, podendo fazer tua casa. O teu pessoal tá meio chateado, a tua esposa…’. Aí ele falou: ‘Cara, eu tenho dinheiro para fazer essa casa e fazer a da Barra. Dinheiro eu tenho, para as duas.'”, revelou Élcio de Queiroz.
Desde março de 2020, os bens de Ronnie Lessa estão sequestrados por determinação da Justiça do Rio de Janeiro, entre eles, este terreno em Angra dos Reis. A decisão foi da Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado.
O pedido foi feito pelo Departamento de Combate à Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do RJ após investigação que apontou a incompatibilidade dos bens com a renda de um PM reformado.
Mapa localiza bens em nome de Ronnie Lessa
Infografia: Rodrigo Sanches/G1
A soma dos itens sequestrados só de Ronnie Lessa, na época do sequestro, era de cerca de R$ 2,6 milhões:
Imóvel na Barra da Tijuca, avaliado em R$ 1,25 milhão;
Terreno no condomínio Porto Galo, em Angra dos Reis, avaliado em R$ 500 mil;
Terreno em Mangaratiba, avaliado em R$ 300 mil;
Lancha Real 330 Special Edition, avaliada em R$ 450 mil;
Carro Jeep/Renegade Sport AT, avaliado em R$ 70 mil;
R$ 61.293 em dinheiro apreendidos na casa de Lessa, na Barra;
R$ 50 mil apreendidos na casa dos pais de Lessa.
Preso em presídio de segurança máxima
Lessa está preso há quatro anos em presídio de segurança máxima pelas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. Ele também teve prisão decretada pelo crime de lavagem de dinheiro.
O Ministério Público sustenta que Ronnie Lessa “movimentava valores milionários em dinheiro”, decorrentes de suas ações criminosas. E usava contas bancárias em nomes de terceiros para movimentar as quantias.
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