Após um grande surto de dengue no começo do ano passado, o Brasil deve viver o mesmo cenário em 2025. A expansão do sorotipo 3 da doença preocupa ainda mais as autoridades.
Em São Paulo, o secretário de Saúde, Eleuses Paiva, afirmou na última quinta-feira (23) que existe possibilidade de o estado enfrentar mais casos graves da doença em 2025. “Vamos ter um grande desafio neste ano”. Ele esteve presente na inauguração do Centro de Operações de Emergências (COE), que coordenará as ações de combate ao Aedes aegypti, vetor da dengue, chikungunya e Zika.
Segundo informações do Cieges (Centro de Inteligência Estratégica da Gestão Estadual do SUS), Santa Catarina registra 199 casos confirmados e 3.033 casos prováveis e 2.834 casos de dengue suspeitos em 2025.
Já no Brasil, esse ano são 104.570 casos da doença de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, do Ministério da Saúde, sendo 120 em observação e 21 mortes.
Veja abaixo alguns mitos e verdades sobre a dengue:
Como a dengue é disseminada?
Entre os motivos dos surtos de dengue no Brasil, estão as chuvas e ondas de calor. Tais condições favorecem o desenvolvimento do Aedes aegypti, um dos mosquitos que carregam o vírus da doença.
Ele se adapta bem a ambientes urbanos. O mesmo não ocorre com o Aedes albopictus, espécie parente conhecida como mosquito-tigre-asiático devido às manchas pretas e brancas características. Ambas podem transmitir a dengue.
Os mosquitos do gênero Aedes são nativos de regiões tropicais e subtropicais. Devido às mudanças climáticas e ao aquecimento global, os mosquitos adoram climas com muito calor e umidade.
Quais são os sintomas da dengue?
Ainda que casos graves ou mesmo mortes, a dengue não é uma viral inofensiva. Os primeiros sinais aparecem dentro de quatro a dez dias após a picada do mosquito infectado.
Os sinais mais comuns incluem febre alta e repentina, dores de cabeça, dores articulares e musculares. Erupções cutâneas se espalham do tronco aos braços, pernas e rosto. As pessoas infectadas também reclamam de dores no fundo dos olhos, fraqueza e fadiga.
Em casos mais graves, é recomendável consultar um médico imediatamente, pois pode haver sangramentos e complicações que podem ser fatais.
Por que a dengue é com frequência tratada incorretamente?
Como muitos sintomas são parecidos, a dengue é confundida com gripe ou outras infecções virais, como a malária ou a doença do vírus Zika, o que leva a um tratamento incorreto.
Não existe nenhum teste rápido simples e barato para detectar a doença. Um diagnóstico confiável exige exames de sangue em laboratórios especializados.
Quais medicamentos ajudam e quais podem ser prejudiciais?
O tratamento se limita apenas ao alívio dos sintomas. É importante ficar atento a uma ingestão adequada de água, uma vez que a doença pode provocar grande perda de líquidos através de febre e vômitos.
Alguns medicamentos como paracetamol podem ser usados para aliviar a febre e a dor. O uso de anti-inflamatórios não esteroides, como o ibuprofeno deve ser ser evitado, pois seu uso pode aumentar o risco de sangramento.
Isso se aplica ainda a medicamentos que contêm um ingrediente ativo ácido acetilsalicílico, como a aspirina, que afina o sangue.
Quem se infecta com a dengue adquire imunidade?
Existem quatro diferentes sorotipos de vírus da doença: eles são denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
As pessoas infectadas por um determinado sorotipo fica imune a esse sorotipo específico, mas não aos demais. A imunidade ainda pode diminuir com o tempo.
Como se proteger do mosquito?
Os mosquitos Aedes aegypti e o Aedes albopictus preferem picar as vítimas ao ar livre, pela manhã e no fim de tarde. Assim, é importante passar repelente contra mosquitos no corpo durante o dia e se estar com roupas compridas que cubram também os braços e as pernas.
Os mosquitos colocam seus ovos em reservatórios de água parada, como vasos de flores, barris de chuva ou pneus de carros. Esses focos de propagação de mosquitos devem ser evitados e removidos ou cobertos.
Existe vacina?
Atualmente existem duas vacinas aprovadas contra a doença. Uma delas é chamada Dengvaxia, da Sanofi Pasteur. Ela oferece proteção aos quatro sorotipos do vírus.
Ela deve ser administrada em doses múltiplas para fornecer a proteção suficiente. Essa vacina traz a desvantagem de desenvolver um quadro grave da doença no caso de uma infecção posterior por uma picada.
Se os anticorpos não são produzidos em quantidade suficiente para criar imunidade completa contra os quatro sorotipos de vírus da dengue, pode ocorrer o que é conhecido como “potencialização dependente de anticorpos”.
Na maioria das vezes, a vacina contra a doença só é recomendada em áreas onde a dengue já é endêmica, ou seja, ocorre de forma constante.
A segunda vacina é a Qdenga, aprovada pela Comissão Europeia em dezembro de 2022, e utilizada na campanha de vacinação do Brasil, causa menos efeitos colaterais, podendo ser aplicada a partir dos 4 anos de idade.
Essa vacina oferece proteção confiável apenas contra três sorotipos de dengue, ficando de fora o DENV-4.