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Com uma campanha cheia de frases de efeito e histrionismos, Javier Milei elegeu-se presidente da Argentina iniciando seu mandato em dezembro 2023, ou seja, tem já cumprido pouco mais de um ano de mandato.
O atual mandatário argentino surgiu num ambiente político de alta deterioração. Maurício Macri, liberal, teve um desempenho abaixo do esperado e seu sucessor, Alberto Fernandez, de esquerda e ligado diretamente à Cristina Kirchner, teve o que é considerado por muitos como o pior governo na Argentina nos últimos 20 ou 30 anos.
O desgaste da esquerda era tão grande que o opositor de Milei, Sérgio Massa, não era de esquerda muito embora fosse apoiado por está última. Saindo a esquerda do poder, movimentos sociais e sindicatos, de modo especial, ficaram órfãos e carentes das benesses usufruídas num passado recente. E, como é de se esperar, esse segmento social como um todo está em pé de guerra com Milei e sua política e econômica restritiva.
Pode ter surgido neste momento a oportunidade que a oposição queria para dar o troco em Milei que, em situação ainda carente de apuração, se envolveu numa estranha trama financeira, envolvendo criptomoedas e investimentos nebulosos.
Se ficar provado algum tipo de dolo por parte de Milei, ele pode até sofrer impeachment, algo inédito na movimentada política argentina. Tudo vai depender do que for apurado em termos de conduta por parte de Milei, de um lado, e articulação política eficiente da oposição, de outro lado.