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O fenômeno, que pode causar problema na saúde pública, foi monitorado de perto e até por satélites em janeiro deste ano, mas se dissipou nos últimos dias. Maré vermelha: entenda o que é o fenômeno que deixou o Litoral Norte de SP em alerta
O Litoral Norte de São Paulo começou o ano em alerta por conta de um fenômeno natural conhecido como ‘maré vermelha’. Esse fenômeno perdeu força nos últimos dias, mas os órgãos ambientais se dedicam a fazer o monitoramento quando há novas situações.
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A maré vermelha é o nome dado quando há proliferação excessiva de algas marinhas que formam extensas manchas na superfície do mar – assista o vídeo acima.
“A maré vermelha é um nome popular que se dá quando ocorre a proliferação de grande intensidade de um tipo de algas. Isso acontece por conta de alguns processos ambientais, como a temperatura da água, aporte de nutrientes e luz. E isso causa manchas na coluna da água”, explicou Cláudio Barbosa, pesquisador do Laboratório de Instrumentação de Sistemas Aquáticos (LabISA), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Maré vermelha no Litoral Norte de São Paulo
Reprodução/TV Vanguarda
No caso do Litoral Norte de SP, a maré vermelha foi formada pela concentração de ‘mesodinium rubrum’, micro-organismos que foram encontrados nas águas de São Sebastião e Ilhabela.
O primeiro registro do encontro aconteceu por volta do dia 10 de janeiro deste ano, quando pescadores e barqueiros notaram a coloração avermelhada do mar próximo à Ilha de Alcatrazes.
Desde então, órgãos ambientais – como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Centro de Biologia Marinha da USP (CEBIMar) – passaram a acompanhar a mancha vermelha, que se deslocou rapidamente para a costa, chegando próximo às praias das duas cidades, principalmente no dia 25 de janeiro.
“Isso acontece quando há uma infestação da população dos micro-organismos marinhos, provocando uma mancha escura na água. Depois que essas manchas se formam, alguns fatores como vento e correnteza as levam para a costa. Tanto que a água do mar de Ilhabela, que normalmente é azul claro, também ficou bem avermelhada”, afirmou André Pardal, pesquisador do CEBIMar que acompanhou o fenômeno no Litoral Norte de São Paulo.
Maré vermelha no Litoral Norte de São Paulo
Gustavo Luis Benedito dos Santos/Capitão Ximango
Acompanhamento
Uma das formas de acompanhar o avanço da maré vermelha no Litoral Norte de São Paulo foi com o uso de satélites do Inpe. Segundo o instituto, foram usadas imagens de satélites da Agência Espacial Europeia (ESA), como o Sentinel-3/OLCI e o Sentinel-2/MSI.
Os equipamentos fizeram imagens aéreas da mancha vermelha – pelas imagens abaixo, é possível ver o avanço dela na costa do Litoral Norte de São Paulo:
Além do monitoramento aéreo, os pesquisadores também acompanharam o fenômeno in loco, por meio de embarcações, para coleta de dados, que confirmaram a predominância de mesodinium rubrum no mar.
Maré vermelha no Litoral Norte de São Paulo
Divulgação/Inpe
Riscos
Em alguns casos, a maré vermelha pode representar riscos à saúde humana. Isso porque, a depender da espécie, as algas produzem toxinas que prejudicam o meio ambiente, os animais marinhos e os seres humanos.
O mesodinium rubrum não é considerado tóxico, mas atrai e é consumido por algas tóxicas, que são consumidas por peixes e mexilhões e que, por sua vez, são ingeridas pelos homens.
“Há algas tóxicas que consomem esses micro-organismos e depois são consumidas por mexilhões e outros peixes. Há uns anos rolou até o embargo de consumo de mexilhões, porque quando as pessoas consomem mexilhões com toxinas pode dar uma infecção muito grave. Por isso é importante monitorar esse processo de deslocamento dessas manchas vermelhas”, explicou Cláudio Barbosa, do Inpe.
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Na última semana, a Prefeitura de São Sebastião participou de uma coleta de mexilhões na praia de Toque-Toque Grande para verificar a presença de biotoxinas marinhas por conta da maré vermelha. A análise, porém, comprovou a ausência das substâncias.
Além do risco à saúde pública, a maré vermelha também pode ser danosa à vida dos outros animais marinhos – no caso da maré vermelha do Litoral Norte de SP, os pesquisadores constataram que o fenômeno causou a morte de peixes.
“Quando o ciclo de vida dos bilhões de micro-organismos que formam a maré vermelha acaba, eles morrem e, no processo de decomposição, há um consumo muito grande de oxigênio. Como o ecossistema fica com menos oxigênio, alguns animais acabam morrendo”, concluiu André Pardal, do CEBIMar.
Questionada pelo g1, a Cetesb confirmou que a maré vermelha registrada no Litoral Norte em São Paulo se dissipou nos últimos dias e disse que não há restrição no consumo de mexilhões e outros frutos do mar no estado.
Apesar disso, tanto a Cetesb quanto a Prefeitura de Ilhabela recomendam que, caso a maré vermelha volte a ser registrada, a população evite nadar ou praticar esportes náuticos em locais com as manchas.
Maré vermelha no Litoral Norte de São Paulo
Reprodução/TV Vanguarda
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