Informação consta no ofício enviado pela usina à prefeitura nesta quarta-feira em resposta à cobrança por melhorias no combate à poluição. Sinterização na CSN
Divulgação/Prefeitura de Volta Redonda
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) disse que vai diminuir a produção do sínter, principal responsável pela emissão do material particulado sedimentável em Volta Redonda (RJ), o chamado “pó preto”. A informação consta no ofício enviado à prefeitura nesta quarta-feira (26).
De acordo com o documento, assinado pelo diretor-executivo da usina, Alexandre Lyra, o sínter vai ser produzindo “ao limite mínimo possível, necessário apenas à manutenção dos altos-fornos operacionais”.
A carta enviada pela CSN é uma resposta ao questionamento da prefeitura, feito na segunda-feira (24), sobre os níveis de poluição na cidade nos últimos dias. Apesar de não ser responsável pela fiscalização da poluição na cidade, o governo municipal cobrou mais rapidez em reparos da sinterizações da siderúrgica.
“Independente da aceleração das reformas, solicito que sejam adotadas medidas para a imediata redução das emissões, que nos últimos dias atingiram níveis alarmantes. Os níveis de emissão do pó preto estão insuportáveis”, disse o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto, na carta.
‘Nível insuportável nos últimos dias’, diz prefeito de Volta Redonda sobre poluição
Imagens da poluição provocada pela empresa têm circulado nas redes sociais nos últimos dias e causado indignação na população. O problema já é recorrente no município há vários anos.
Com a falta de chuva significativa na região, o ar fica ainda mais pesado e a dissipação das partículas emitidas na fabricação do aço fica ainda mais difícil.
A responsabilidade de fiscalizar a poluição é do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Procurado, o órgão se pronunciou dizendo que técnicos já foram acionados para verificar a qualidade do ar e que Volta Redonda “possui uma Rede de Monitoramento da Qualidade do Ar e Meteorologia, composta por quatro estações automáticas e nove semiautomáticas, ambas habilitadas para medir, em tempo real, a concentração de gases e partículas presentes no ar”.
O Inea disse também que “o município irá receber a primeira rede de partículas sedimentáveis (também conhecida como “pó preto”) do Estado do Rio de Janeiro”. A data não foi informada.
Bairro coberto por fumaça preta
Reprodução
Término das sinterizações
Ainda no documento, o diretor-executivo da CSN informou que o primeiro ciclo de reformas nas sinterizações tem previsão de conclusão em setembro deste ano. O setor é responsável por controlar a emissão do pó preto. Outras mudanças devem acontecer ao longo deste ano e de 2025.
A primeira área a ser concluída é a 4, que estará pronta até o dia 30 de junho. Nela, serão substituídas 100 placas do sistema de captação do material particulado. Já a área 3, que inclui a troca de 600 placas, deve ser entregue no dia 16 de julho.
Combate à poluição
A CSN afirmou que adquiriu 21 canhões de névoa para tentar amenizar os efeitos da poluição. Além disso, foram feitas aplicações de polímeros nas pilhas de matérias-primas e carvão e duplicação do efetivo de recursos avançados para limpeza.
‘Pó preto’ entra em lista de monitoramento do RJ
Pá com pó preto em Volta Redonda
Reprodução
Em setembro do ano passado, o estado do Rio de Janeiro regulamentou os padrões de qualidade do ar com base nos modelos nacionais e as diretrizes e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O decreto foi assinado pelo então governador em exercício, Thiago Pampolha.
Uma das novidades foi a inclusão do Programa Estadual de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis, o pó preto, material emitido pela CSN.
Desde 2017, os poluentes sedimentáveis não estavam na lista daqueles que precisavam ser monitorados pelas autoridades ambientais. Isso porque o governo do estado havia retirado essa obrigatoriedade.
A regulamentação estabelece a criação de Planos de Controle de Emissões para episódios críticos de poluição do ar em todo o estado
O decreto prevê ainda que o Inea responsável por fiscalizar o cumprimento das normas, divulgue, diariamente, os índices de qualidade do ar no estado e que amplie o número de estações de monitoramento. O documento também determina que, anualmente, o órgão elabore um relatório de avaliação as condições do ar.
Efeitos na saúde
CSN recebe multa de R$ 1 milhão por poluição em Volta Redonda, no sul do Rio de Janeiro
Doenças respiratórias, poluição, ruas e casas sujas. Essas são algumas das consequências provocadas pelo pó preto. O material produzido pela siderúrgica mais antiga do Brasil, a CSN, é formada por micropartículas de ferro que, soltas no ar, podem contaminar moradores e poluir rios.
O material poluente é o responsável por provocar o aumento de casos de doenças respiratórias no município.
“A poluição atinge quando ela começa a interferir na nossa qualidade de vida. Eu quero brincar com meu filho do lado de fora da casa, mas a minha preocupação é: Vai vir uma crise de asma? (…) A gente ta sempre sujo. A gente lava roupa, coloca no varal para secar e a roupa volta suja. O impacto da CSN na nossa vida hoje é sujeira”, disse a fisioterapeuta Thais Vasconcellos ao repórter André Trigueiro, da Globo Rio, em 14 de julho de 2023.
Em julho do ano passado, o Inea multou a empresa em mais de R$ 1 milhão por poluir Volta Redonda.
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