Apreensão e venda teria sido represália ao fato da quadrilha rival a que comprou as armas não ter pago resgate por preso. Grupo de policiais ainda teria apresentado duas das armas como apreensão. PF e MPRJ prendem 4 policiais civis e 1 advogado por tráfico de drogas
Policiais civis presos nesta quinta-feira na Operação Drake, da Polícia Federal e do MPRJ, venderam fuzis apreendidos para uma facção, como represália a uma quadrilha que não tinha pago um resgate para a liberação de um preso.
De acordo com um relatório de inteligência, a equipe da Delegacia de Repressão a Roubos e Furcos de Cargas (DRFC) exigiu R$500 mil para liberar um homem que teria sido preso e conduzido à Cidade da Polícia.
No entanto, em razão de não ter recebido o valor integral, como forma de vingança, em momento posterior, a equipe da DRFC apreendeu 31 fuzis da facção e vendeu 29 para a facção rival. Depois, formalizou a apreensão de apenas 2 fuzis e drogas.
A apreensão foi apresentada dia 17 de julho, como tendo sido realizada no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Os agentes também apresentaram 200 quilos de maconha e 20 quilos de pasta base de cocaína.
Os quatro policiais civis e um advogado foram presos por tráfico de drogas nesta quinta.
As investigações apontam que há 2 meses os 4 agentes, então lotados na Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), venderam 16 toneladas de maconha para o Comando Vermelho, a maior facção criminosa do RJ. Os suspeitos teriam, inclusive, escoltado a carga até uma favela dominada pelos traficantes.
Os cinco mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Resende. Agentes foram atrás dos alvos da operação em endereços na capital fluminense e em Saquarema. Um dos locais é a Cidade da Polícia, onde fica a DRFC, na Zona Norte do Rio.
Quem são os presos
Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, ex-agente da DRFC;
Eduardo Macedo de Carvalho, ex-agente da DRFC;
Juan Felipe Alves da Silva, ex-chefe do setor de investigações da DRFC;
Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, advogado;
Renan Macedo Guimarães, ex-agente da DRFC.
Os policiais presos não trabalhavam mais para a DRFC desde setembro, quando houve uma troca de comando na especializada, sendo realocados em diferentes unidades.
PF faz operação para prender policiais civis suspeitos de tráfico de drogas
Reprodução
Flagrante na divisa
De acordo com a PF e o MPRJ, em 8 de agosto deste ano, duas viaturas da DRFC abordaram na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro um caminhão — que já vinha sendo monitorado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) — com 16 toneladas de maconha.
“Após escoltarem o caminhão até a Cidade da Polícia Civil, os policiais civis negociaram, por meio de um advogado, a liberação da carga entorpecente e a soltura do motorista, mediante o pagamento de propina”, afirmou a PF, em nota.
Ainda segundo a Polícia Federal, no dia 9 de agosto “três viaturas ostensivas da DRFC escoltaram o caminhão até os acessos de Manguinhos. Em seguida, a carga de maconha foi descarregada pelos criminosos”.
“O nome da operação remete ao pirata e corsário inglês Francis Drake, que saqueava caravelas que transportavam material roubado e se julgava isento de culpa em razão da origem ilícita dos bens”, explicou a PF.
O que diz a Polícia Civil
“A Corregedoria-Geral de Polícia Civil apoiou a ação para cumprimento das ordens judiciais e está instaurando Processos Administrativos Disciplinares (PADs).
A Polícia Civil reforça que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e atividade ilícita, reiterando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade.”
O g1 ainda não conseguiu contato com a defesa dos investigados.
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