Necropsia foi inconclusiva e não definiu causa da morte. Material foi enviado para exames laboratoriais e resultado sairá em 30 dias. Mãe aponta negligência do hospital. Enfermeiros serão ouvidos. Resultou em inconclusivo o laudo da necropsia sobre a causa da morte de Murillo Castilho de Souza, de 1 ano e 5 meses. A Polícia Civil investiga sobre uma possível negligência médica na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) infantil Agda Maria, em Angra dos Reis (RJ), que pode ter causado o óbito.
“Pedimos um ofício ao Conselho Regional de Medicina para nos esclarecer a respeito dos procedimentos indicados que devem ser adotados nesse tipo de injeção em criança para ver em que momento houve algum erro”, contou o delegado da cidade, Leonardo Aquino.
Um laudo mais detalhado será elaborado pelo laboratório do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, no Rio de Janeiro, que realizará exames com coletas de sangue e vísceras que foram retiradas da vítima. O resultado sairá em até 30 dias.
“Acredito que possa detectar uma medicação ou substância que contém na benzetacil. Agora, ainda assim, determinar se é isso tudo que determinou a morte. A má aplicação, sem os devidos cuidados, uma reação alérgica, o que poderia ter sido feito pelos médicos para evitar um resultado catastrófico desse”, afirmou o delegado.
Enfermeiros e outros funcionários da UPA foram convocados para prestar depoimento na delegacia. A Polícia Civil informou também que outras diligências estão sendo feitas para esclarecer o caso.
Médica foi afastada pela prefeitura
A prefeitura criou uma Comissão de Investigação Especial, composta por médicos e profissionais com experiência na pediatria, para apurar o caso e solicitou à empresa responsável pelos profissionais da unidade o imediato afastamento da médica que atendeu por último o bebê.
Murillo morreu no colo da mãe; relembre o caso
Giliane e o filho Murillo
Reprodução/Arquivo Pessoal
Giliane Castilho Reis levou o filho pela primeira vez à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) infantil Agda Maria, no bairro Japuíba, no 1° de maio, quando chegou do serviço e o encontrou com uma febre de 39,8°C.
De acordo com a Giliane, os medicamentos surtiram efeito e a febre abaixou. O menino dormiu e acordou no dia seguinte bem, brincando e comendo — o que, segundo ela, não estava acontecendo.
Na noite de terça, Murillo voltou a ter febre alta e foi levado para a UPA novamente. Ele passou pela classificação de risco e recebeu uma injeção de dipirona nas nádegas enquanto aguardava para ser atendido pela médica.
Enquanto recebia a injeção, Giliane contou que o filho chorava muito. A pedido da equipe médica, ela esperou 20 minutos para que a injeção fizesse efeito e, em seguida, foi embora com o menino.
A mãe contou que, até o início da madrugada, Murillo não parava de chorar e não estava se mexendo. Ele chegou a dormir um pouco, mas acordou “chorando e gritando muito”.
Ainda durante a madrugada de quarta-feira (3), Giliane, acompanhada da mãe, voltou à UPA com Murillo pela terceira vez. Segundo ela, a médica de plantão “disse que era normal ele não ser mexer, porque ele tinha tomado uma injeção forte”.
Murillo foi medicado com ibuprofeno e dipirona. A médica pediu ainda para que ele ficasse de repouso até o início da manhã daquele dia.
“Ele chorava o tempo todo, tentava dormir e não conseguia. E aí, foi passando a hora…deu 7h10/7h15, eu fiquei com vontade de ir ao banheiro. [Como] ele estava acordado chorando, eu levei ele. Eu cheguei no banheiro, fechei a porta e disse: ‘Murilo, fica em pé só pra mamãe fazer xixi e eu já te pego no colo’. Quando eu coloquei ele no chão, meu filho bambeou, bambeou, bambeou e caiu de cara no chão. Ele já não tinha mais os movimentos do corpo”, relembrou Giliane.
A médica disse que Giliane podia voltar para casa com o filho, de onde continuou com a medicação. Porém, durante a tarde, por volta de 14h, saiu de casa para ir à UPA novamente, pois Murillo “estava muito mole”.
“Peguei o Murillo, o vesti e desci com ele para o ponto. Quando eu cheguei no ponto, já estava vindo um ônibus. Eu, imediatamente, entrei no ônibus e sentei com o Murillo. Eu moro no Areal, chegando na altura da Nova Angra, eu olhei pra cara do meu filho, o meu filho suspirou, abriu a boca e faleceu.”
Giliane afirmou que o motorista foi direto para a UPA, não parando em ponto nenhum.
“Uma senhora pegou o Murillo imediatamente do meu colo, descemos na UPA correndo, chegamos com o Murillo na UPA, só que ele já não estava mais respirando. Eles [equipe médica] tentaram reanimar, meu filho voltou, mas não resistiu”, recordou.
A mulher contou que não recebeu amparo e suporte de ninguém da UPA, apenas do médico que tentou reanimar o menino e deu a notícia a ela de que o menino não tinha resistido.
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