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Diferença de temperatura entre veículos dessas cores pode chegar a 10º C; professor mostra como ‘miragem’ é um efeito visível para explicar maior absorção de energia pela tinta preta. Físico da Unicamp usa ‘miragem’ para explicar diferença de calor em carros preto e branco
A onda de calor tem deixado os termômetros nas alturas, e para quem estaciona o carro debaixo do sol, a surpresa ao abrir a porta não é nada agradável. Em Campinas (SP), a temperatura bateu os 68º C dentro de um veículo, em medição nesta quinta (27).
Mas sabia que a escolha da pintura do automóvel pode ser uma aliada do motorista para lidar com as altas temperaturas – a diferença entre veículos das cores preta e branca pode chegar a 10ºC, e um físico da Unicamp explicar o motivo.
“Como a tinta preta absorve a energia que está chegando nela do sol, e a tinta branca reflete a maior parte dessa energia, o carro preto acaba aquecendo mais”, destaca Leandro Tessler.
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O professor conta que ocorre um efeito estufa com os veículos parados debaixo do sol.
“Como os vidros estão fechados, o teto aquece o interior do carro e esse calor não consegue sair. E o teto preto aquece com mais eficiência que o teto branco”, diz.
E isso influencia até no consumo de combustível. O dono de um carro preto vai ter um custo maior ao refrigerar o carro por conta dessa temperatura mais elevada.
“Quando você entra no carro e quer refrigerar ele para o teu conforto com ar condicionado, você vai gastar mais combustível em ar condicionado no carro preto que no carro branco. Justamente porque a temperatura no carro preto quando você chegar vai estar mais alta do que a temperatura do carro branco”, diz Tessler.
Professor de física da Unicamp explica sobre a diferença de absorção da energia pelas cores preta e branca, e como isso influencia no calor dentro do carro
Reprodução/EPTV
‘Miragem’
O professor da Unicamp usa um exemplo em que a diferença entre as duas cores fica visível.
Ao olhar para o teto de um carro estacionado debaixo do sol, é possível perceber um efeito que é a variação do índice de refração do ar com a temperatura, também conhecido como “miragem”. Ele é maior no carro preto do que no veículo de cor branca.
“O que a gente tá vendo é um efeito que é análogo a miragem, que a gente enxerga no deserto, no asfalto quando vê de longe. A superfície do carro tá aquecendo o ar, e isso está mudando o índice de refração do ar e faz dele uma lente irregular. No carro preto, a gente vê que a imagem que está atrás do teto do carro está distorcida ali perto. No carro branco, ele também às vezes está distorcida, mas muito menos distorcida que no carro preto”, descreve Tessler.
Segundo o professor, apenas ao fazer a observação dessa perturbação do índice de refração do ar a pessoa está indiretamente medindo a temperatura do veículo – quando maior, mais quente.
Experimento
A equipe da EPTV, afiliada Rede Globo, fez um experimento com dois carros, um preto e um branco, estacionados na mesma rua, às 15h.
Com as portas abertas, a temperatura no interior dos veículos estava próxima dos 37ºC.
Passados 40 minutos com as portas fechadas, o carro de cor preta já registrava 42,1ºC, enquanto o outro estava em 40,3ºC.
Uma barra de chocolate colada no painel do veículo para mostrar os efeitos do calor derreteu por inteiro, ficando “quase líquida”.
Experimento mostrou diferença de temperatura entre carro de cor preta e outro de cor branca
Reprodução/EPTV
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