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O Carnaval de rua está a toda em Florianópolis e esta quinta-feira (27) foi dia de prestigiar o tradicional Enterro da Tristeza, um dos mais alegres da cidade. Reunidos desde cedo no Centro, sempre sorrindo, a viúva e o defunto, personagens encarnados há décadas, respectivamente, por Jorge Espírito Santo de Freitas e Nelson Julio Rosa, animaram a festa até a noite.
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Foliões vão às ruas de Florianópolis no Enterro da Tristeza – Foto: Germano Rorato/ND
O cortejo, encenando o enterro da tristeza, saiu por volta das 20h, arrancando aplausos e posando para as centenas de celulares apontados por quem viu o cortejo na avenida Hercílio Luz e outras ruas do Centro. Como de costume, o bloco espalhou alegria.
Bloco SOS faz a festa há mais de 60 anos
Coordenador do bloco SOS, que faz o Enterro da Tristeza, José Roberto Jacques disse que é trabalhoso e, ao mesmo tempo, gratificante organizar o enterro e ver o povo de Florianópolis e os turistas festejando. “Estamos esperando acima de 50 mil pessoas com certeza”, disse.
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Bloco SOS faz a festa há mais de 60 anos – Foto: Germano Rorato/ND
Um dos mais tradicionais de Florianópolis, o enterro é realizado há 61 anos. “Surgiu na década de 1960, também uma quinta-feira, com um grupo de dez pessoas que saiu batendo lata, tinham um caixão de papelão e um boneco dentro. Tudo isso para ter um dia a mais de folia”, explicou Jacques.
O Enterro da Tristeza, com trios elétricos entoando marchinhas de Carnaval e outros ritmos, mobiliza jovens, adultos e até os cabeças brancas, a exemplo da manezinha Sueli Cardenuto, 78 anos, moradora dos Ingleses. “Todo ano venho ver esse bloco. Amo de paixão, muito organizado. Amo o Carnaval, sempre fui carnavalesca, alegre. A única que gosta de Carnaval na minha família”, declarou dona Sueli.
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Sueli Cardenuto aproveita o bloco todo ano – Foto: Germano Rorato/ND
Décadas de Enterro da Tristeza
“Estou há 50 anos participando do Enterro. Esse ano como Tieta, cada ano é uma expectativa”, disse Jorge, a viúva, que convidou a população para brincar o Carnaval com respeito, amor e carinho. “Sem violência, porque isso já vivemos o ano todo, sofremos o ano todo. É enchente, chuva, calor. Mas, aqui, a gente enterra a tristeza para não pensar mais em nada, só em alegria”, completou.
O conceito do bloco é, como o nome sugere, mandar a tristeza para longe. No bloco, ela é representada pelo defunto, que vai para dentro do caixão, liberando os demais para brincar o Carnaval. “Carnaval é alegria, a gente extrapola, brinca, sempre respeitando, e tocamos até quarta-feira de cinza”, disse a viúva.
Nelson, que encarna o defunto há 19 anos, falou sobre o que acredita ser o diferencial do bloco. “O que tem demais, aqui, é a alegria da população. “A gente agradece muito a essas pessoas. O Carnaval aqui é muito bom”, declarou.