Vereador denuncia separação de crianças pela cor da pele em escola na Grande Florianópolis

Um vereador de São João Batista, na Grande Florianópolis, denunciou um possível caso de segregação racial em uma escola infantil do município. No relato de Teodoro Adão (MDB), ele afirma que soube da situação a partir do relato de pais de alunos e esteve na instituição para verificar a história. Em resposta, a prefeitura informou que abriu procedimentos internos para apurar os fatos, mas diz que “não constatou nenhuma evidência”.

Fachada do Núcleo Infantil Cebolinha, em São João Batista, onde vereador denuncia segregação racial

Denúncia de segregação racial em escola de São João Batista foi feita por vereador da cidade – Foto: Núcleo Infantil Cebolinha/Facebook

O parlamentar usou a tribuna da Câmara de Vereadores, durante sessão ordinária no dia 17 de fevereiro, para fazer a denúncia de segregação racial entre as crianças. Ele relatou, ainda, que professoras do Núcleo Infantil Cebolinha já tinham percebido a separação, mas não se manifestaram para, nas palavras do vereador, “não dar desgaste”.

Vereador denuncia segregação racial em escola infantil

O emedebista afirma que esteve na escola para apurar denúncias que recebeu de pais de alunos da instituição. Ao chegar nas salas de aula, o vereador teria notado “12 crianças numa sala e 12 crianças em outra sala”, mas não deu certeza no número porque, segundo ele, foi embora após presenciar a cena.

“Uma sala, todas as crianças branquinhas do olho verde, ou que não tinham olhos verdes, eram claras. E na outra sala, todos os negrinhos, falo negrinhos porque não tenho vergonha de falar da minha raça, em outra sala. Só tinha uma criança branca junto com os moreninhos”, declarou na tribuna.

O vereador conversou com duas professoras que, segundo ele, já teriam percebido a segregação racial. “A professora falou para mim: Teodoro, quando eu cheguei aqui, já estava separado e não pude fazer nada. A outra professora falou bem assim: Teodoro, eu vi isso, eu quis até comentar, mas eu fiquei quieta para não dar desgaste”, disse o vereador.

Veja íntegra da fala do vereador

Vereador Teodoro Adão (MDB) afirma que esteve na escola e presenciou separação de crianças pela cor da pele em São João Batista – Vídeo: Câmara de Vereadores de São João Batista/YT

O parlamentar disse ainda, durante a fala na tribuna, que não tirou fotos da situação porque “as pessoas que estão lá sabem que o Teodoro não está mentindo”, disse. Teodoro Adão (MDB) destacou que foi recebido pela secretária municipal de Educação e que ela se comprometeu em apurar a denúncia de segregação racial.

O que diz a prefeitura de São João Batista?

Após a repercussão da denúncia de segregação racial no Núcleo Infantil Cebolinha, a prefeitura de São João Batista publicou uma nota, em seu site oficial, refutando a fala do parlamentar e destacando que a falsa comunicação de crime, ou denunciação caluniosa, “configura crime, o que clama pela temperança quando da divulgação do tema”.

card informando sobre nota oficial da prefeitura de São João Batista

Administração municipal se manifestou após repercussão sobre caso de suposta segregação racial em núcleo de educação infantil – Foto: Prefeitura de São João Batista

A administração municipal informou que “preza pelo respeito à legislação vigente e aos preceitos constitucionais, quer seja em relação aos Princípios da Legalidade, Impessoalidade e Moralidade, quer seja quanto à igualdade e combate ao racismo e preconceito de qualquer origem”.

A prefeitura informou, ainda, que o Núcleo Infantil Cebolinha tem apenas duas salas de aula, nas quais, pela manhã, são atendidas duas turmas de Pré-Escola II e, à tarde, duas turmas de Pré-Escola I.

“Das turmas em questão, no total, elas possuem 31 alunos, sendo que, em uma turma, há 16 alunos (sendo 15 autodeclarados brancos e 1 negro) e, na outra, 15 alunos (sendo 10 autodeclarados brancos, 2 negros, 2 morenos e 1 em que não houve autodeclaração)”, disse a nota.

Criança negra no colo de adulto negro em segundo plano, com destaque para mão de criança segundo a mão do adulto em primeiro plano

Prefeitura de São João Batista nega que haja separação de alunos por cor da pele – Foto: Freepik/ND

“Diante destes números, fica o questionamento, alusivo à denúncia, de como seria possível haver qualquer segregação racial na distribuição das turmas”, questiona a administração municipal. “Em momento algum este campo foi levado em consideração para distribuição das turmas – o que demonstra a miscigenação e inobservância da segregação objeto da acusação”, ponderou a prefeitura.

A administração municipal disse, ainda, que após a repercussão das denúncias de segregação racial, pais e responsáveis dos alunos foram ouvidos e indagados se, de alguma forma, sentiram-se com algum direito desrespeitado. Foi questionado, também, se havia interesse na mudança de turma. “Para ambos os questionamentos, as respostas foram negativas”, concluiu a prefeitura de São João Batista.

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