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Carla Karolayne de Andrade Coelho, de 18 anos, foi uma das 81 deportadas que desembarcaram em Belo Horizonte nesta sexta-feira (21). Mineira de Valadares foi deportada e relata que experiência nos EUA foi ‘horrível’
A mineira Carla Karolayne de Andrade Coelho, de 18 anos, foi uma dos 81 brasileiros deportados que desembarcaram em Belo Horizonte nesta sexta-feira (21). Natural de Governador Valadares, polo migratório do país, relatou uma experiência “horrível” e que “sofreu demais” nos Estados Unidos. (veja vídeo acima)
“Alô, [Governador] Valadares, estou voltando. Sofri demais naquele Estados Unidos. Não vá, gente. Não vá por que não tem trampo”, alertou a mineira, se dirigindo aos conterrâneos.
Carla tentou entrar ilegalmente, se entregou e foi presa — esquema conhecido como “cai-cai”. Ficou detida por dois meses, onde disse que foi privada de comer e de tomar banho.
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Durante o voo entre os EUA e Fortaleza, contou que também teve problemas de estômago por causa da comida na prisão. Não veio algemada, mas disse que os homens vieram
“Minha vida não está boa, mas também não está ruim agora. Privaram sonho que a gente tinha. Agora vou tentar estudar e trabalhar por aqui”, completou.
Carla Coelho, de 18 anos, foi uma das deportadas que chegaram ao Aeroporto de Belo Horizonte
Reprodução/TV Globo
Reencontro
O Joel Moraes, que era dono de uma padaria nos Estados Unidos, morava por lá há sete anos e teve um reencontro emocionante com o filho. (veja a foto abaixo)
O empresário diz que “não cometeu nenhum crime” e que, agora, pretende “vencer no Brasil”.
“Já que não quis, meu país me acolheu de uma forma solidária e aqui eu vou vencer, aqui eu vou vencer”, disse Joel.
Joel Morais reencontra o filho ao chegar no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte
Reprodução/TV Globo
Terceiro voo da era Trump
O terceiro voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos neste novo mandato de Donald Trump pousou na capital mineira às 15h50 desta sexta-feira (21) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana.
Ao todo, 94 deportados deixaram os EUA à 1h desta sexta (horário de Brasília) rumo ao Brasil. Entre eles estavam nove crianças e dois idosos. Segundo a presidência da República, depois de pararem em Fortaleza, 81 desses seguiram, às 13h30, para Belo Horizonte em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).
Como a cidade é uma das mais próximas dos EUA, o governo brasileiro decidiu que seria a porta de entrada dos deportados, que, assim, ficariam menos tempo algemados, procedimento de praxe do governo americano (saiba mais abaixo)
Avião com deportados brasileiros chega a Confins
Frederico D’Ávila/TV Globo
Retirada das algemas
Este é o terceiro avião enviado pelos EUA com imigrantes deportados desde o início do novo governo de Donald Trump. O primeiro chegou no dia 24 de janeiro, com 88 deportados, enquanto o segundo, em 7 de fevereiro, com 111.
Nos últimos dias do governo de Joe Biden, em 10 de janeiro, um outro avião com 100 imigrantes deportados já havia pousado no Brasil.
No voo desta sexta-feira (21), Carla contou que somente os homens vieram algemados. Entretanto, relatou condições degradantes durante o voo advindo dos EUA — polêmica que se arrasta desde o primeiro grupo desta era Trump.
No primeiro voo, em janeiro, um desentendimento com a tripulação devido ao calor, e os 88 deportados abriram uma porta de emergência e desembarcaram por uma ponte inflável ainda algemados.
Segundo a Polícia Federal, o uso de algemas em imigrantes é uma praxe em voos fretados dos EUA para repatriação, mas elas são retiradas ao pousar no Brasil, já que os deportados não são prisioneiros.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ordenou a retirada das correntes e solicitou que os deportados fossem levados a Belo Horizonte em um voo da FAB. Itamaraty diz que cobrará EUA por tratamento ‘degradante’.
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