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Favorito em 2025 se tornou vencedor mais novo como melhor ator em 2003, ao ganhar com ‘O pianista’: ‘Espero que não demore tanto para encontrar trabalho que signifique tanto’. Adrien Brody, de ‘O brutalista’, não sabe se está pronto para ganhar outro Oscar
Adrien Brody é o favorito ao Oscar 2025 de melhor ator por sua atuação magnética em “O brutalista”, grande estreia dos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20). Aos 51 anos, ele não sabe se está preparado para ganhar a estatueta pela segunda vez.
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Em 2003, ele se tornou o vencedor mais novo a vencer a categoria na história por sua atuação em “O pianista”, aos 29 anos e 11 meses – um recorde que ainda persiste.
Na ocasião, ele também chocou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas americana por outro motivo.
Não só pela surpresa de sua vitória, depois de perder os principais prêmios para nomes como Jack Nicholson (“As confissões de Schmidt”) e Daniel Day Lewis (“Gangues de Nova York”), mas pelo beijaço dado na apresentadora da categoria, a atriz Halle Berry – uma atitude que recebeu uma boa dose de críticas com o passar dos anos.
“Eu estou diferente. Já vivi muito e tenho uma compreensão melhor. Tenho noção de quão jovem eu era naquela época – algo que eu não compreendia naquele momento”, diz o ator em entrevista ao g1.
“Eu era muito jovem. Estou muito pronto para continuar com meu trabalho com um tipo de entendimento e uma disciplina que eu não tinha então.”
Adrien Brody em cena de ‘O brutalista’
Divulgação
Personagens resilientes
Ao longo de suas 3h35 horas de duração, “O brutalista” retrata a saga de décadas de um talentoso arquiteto húngaro (Brody) – desde os obstáculos ao emigrar em busca do sonho americano após sobreviver ao Holocausto até uma série de relações abusivas, das drogas à esposa (Felicity Jones) e um rico e sombrio mecenas (Guy Pearce).
Vencedor de todas as principais premiações do ano até o momento, o ator americano descendente de húngaros só pode ter seu favoritismo estremecido se não levar o troféu do Sindicato dos Atores neste domingo (23).
Sua maior ameaça é justamente Timothée Chalamet (“Um completo desconhecido”). Aos 29 anos e 2 meses, o intérprete de Bob Dylan na cinebiografia ainda toma o recorde do concorrente se vencer.
Nada disso é uma preocupação para Brody, que estrela em seu primeiro personagem de maior prestígio depois de 22 anos.
“O que eu espero, independente do resultado no dia, é que eu possa usar um pouco da energia que todos nós ganhamos de uma forma e – com o conhecimento que eu tenho e que minha equipe também – que consiga usar de uma forma que não demore tanto para encontrar outro trabalho que signifique tanto”, afirma o ator.
Em seu discurso ao agradecer pelo Globo de Ouro, em janeiro, ele disse que chegou a achar que isso nunca aconteceria novamente.
“Olha o tempo que levou para eu encontrar esse papel. Não é porque eu não vinha tentando, ou porque não vinha trabalhando duro. Tem sido apenas difícil encontrar um papel com essa complexidade e magnitude, um cineasta como o Brady, que confie em mim com esse papel. As circunstâncias não apareciam.”
Adrien Brody posa com troféu ao ganhar como melhor ator de filme de drama por ‘O brutalista’ no Globo de Ouro 2025
Chris Pizzello/AP
O retorno do que não foi
O motivo do desabafo são as mais de duas décadas que separam suas duas únicas indicações. Após “O pianista”, muitos esperavam que sua carreira decolasse – mas ela pode ser mais descrita como uma série de um passo para frente, dois para trás.
As decepções seguidas com “A vila” (2004) e “King Kong” (2005) parecem ter iniciado uma espiral de decisões erradas – se dele ou dos estúdios é difícil saber. O fato é que, com a exceção de papéis menores em filmes do diretor Wes Anderson, Brody perdeu relevância em Hollywood.
Para sua sorte, circunstâncias levaram ele ao protagonista de “O brutalista”, um projeto de sete anos de Corbet e sua mulher, a atriz e diretora norueguesa Mona Fastvold.
Tanto que, em 2020, o personagem seria interpretado por Joel Edgerton (“Loving”). Muitos cancelamentos causados pela pandemia de Covid depois, o papel estava aberto novamente.
Para o diretor, a origem húngara e judia da mãe de Brody o tornavam um candidato perfeito para a substituição, assim como o domínio do ator sobre o idioma – por mais que seu sotaque, e o da britânica Jones, tenha sido aperfeiçoado com ajuda de inteligência artificial nos diálogos em húngaro.
Ainda no Globo de Ouro, o ator também estabeleceu um paralelo entre a história de sua mãe, que se mudou para os Estados Unidos após nascer em Budapeste, e a do protagonista do filme.
“Existe muita inspiração neste mundo, em relação a sofrimento humano, infelizmente. Seja algo relacionado pessoalmente à jornada e aos sacrifícios pelos quais seus ancestrais passaram, ou a do seu vizinho ou de uma outra nação. Para mim, tudo está relacionado”, afirma ele ao g1.
“Passei tanto da minha vida vivendo fora do país e me colocando no lugar dos outros que sou muito ligado a como somos todos um só, com os mesmos desejos. Para mim, tudo é sempre muito compreensível e desafiador de acessar, mas há valor em fazer contato e compartilhar isso com outras pessoas na esperança de que isso nos una e nos lembre de como ligados todos somos.”
O ator Adrien Brody como o músico Wladyslaw Szpilman em cena de ‘O Pianista’
Divulgação