Novembro e dezembro de 2022 foram ‘agitados’ e culminaram com tentativa golpista de 8 de janeiro, diz Gonet

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ambiente político entre novembro e dezembro de 2022 foi marcado por intensa mobilização golpista, resultando nos ataques de 8 de janeiro. Segundo ele, a tentativa de golpe foi fruto de uma escalada iniciada ainda em 2021, quando o então presidente Jair Bolsonaro adotou um “crescente tom de ruptura com a normalidade institucional”.
“Para melhor compreensão dos fatos narrados, convém recordar que, a partir de 2021, o Presidente da República adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional nos seus repetidos pronunciamentos públicos em que se mostrava descontente com decisões de tribunais superiores e com o sistema eleitoral eletrônico em vigor”, afirmou Gonet.
Essa escalada, segundo o procurador-geral, ganhou mais força quando Luiz Inácio Lula da Silva recuperou seus direitos políticos, tornando-se o principal adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022. Documentos encontrados pela Polícia Federal indicam que, já em março de 2021, aliados do então presidente discutiam abertamente a desobediência a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), chegando a traçar um plano de fuga caso a postura golpista não fosse tolerada pelos militares.
“O grupo de apoio do então Presidente da República, que formará o núcleo da organização criminosa, cogitou de o Presidente abertamente passar a afrontar e a desobedecer a decisões do Supremo Tribunal Federal, chegando a criar plano de contingenciamento e fuga de Bolsonaro, se a ousadia não viesse a ser tolerada pelos militares”, relatou Gonet.
Com a proximidade das eleições e a perspectiva de derrota nas urnas, os apoiadores de Bolsonaro intensificaram a ofensiva contra o processo eleitoral, promovendo desinformação e fomentando ataques ao sistema democrático. Segundo o procurador-geral, a organização criminosa que arquitetou os eventos de 8 de janeiro tinha um plano estruturado para impedir a alternância de poder.
“Durante as investigações, foram encontrados manuscritos, arquivos digitais, planilhas e trocas de mensagem reveladores da marcha de ruptura da ordem democrática”, destacou.
As investigações da Procuradoria-Geral da República indicam que o plano envolvia diversos núcleos de atuação, desde a difusão de notícias falsas para descredibilizar o sistema eleitoral até estratégias para incitar militares a aderirem ao golpe. Com a revelação desses documentos e provas reunidas pela Polícia Federal, a PGR denunciou Bolsonaro e seus aliados ao Supremo Tribunal Federal, que agora decidirá se os transforma em réus por crimes contra o Estado Democrático de Direito.
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