![](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/47/l9/5x/47l95xsadql8v1xx187zvu4yx.jpg)
Uma das figuras centrais do esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol é William Pereira Rogatto, preso em Dubai desde novembro. Napauta da reunião de ontem da CPI instalada no Senado,havia um pedido, à Polícia Federal, de informações sobre a data da transferência dele para o Brasil. A sessão em que o senador Romário (PL-RJ) apresentaria orelatório acabou sendo cancelada.
A CPI das Manipulações das Apostas Esportivas ouviu Rogatto em outubro do ano passado. Conhecido como “rei do rebaixamento”, ele é suspeito de atuar diretamente no esquema.
Durante o depoimento, Rogatto afirmou que políticos, incluindo prefeitos e vereadores, facilitavam os esquemas para fraudar os resultados. Segundo ele, esses políticos eram essenciais para “entrar nos lugares certos”, conforme citação no relatório. A declaração sugere que agentes políticos podem ter intermediado o acesso a clubes e informações privilegiadas.
O depoente afirmou que dependia de políticos para “entrar nos lugares certos”. A declaração sugere que agentes políticos podem ter intermediado o acesso a clubes e informações privilegiadas.
Rogatto relatou que começou a operar em 2009, no Campeonato Paulista, utilizando um time da Série A2 que enfrentava dificuldades financeiras. Posteriormente, montou um escritório na cidade de São Paulo para operar apostas em larga escala.
Entre as cidades onde isso teria ocorrido, ele citou São Paulo, Brasília e, no interior paulista, Batatais, Olímpia e Jundiaí. Nesses municípios, essa suposta facilitação teria ocorrido no acesso aos dirigentes de times de futebol locais.
Além disso, o relatório de quase 700 páginas também levanta suspeitas de que esses agentes públicos tenham interesses financeiros no setor de apostas, seja por meio de influência em regulamentações ou por participação indireta nos lucros gerados pelas operações.
Da política local para a nacional
![](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/bw/jm/lh/bwjmlhe27ktc1cvxbb77qhk7g.jpg)
A CPI apura a participação de políticos no processo de regulamentação do setor de apostas no Brasil. O Congresso Nacional foi responsável pela elaboração da legislação que rege o setor, e a comissão investiga se houve influência de grupos específicos na formulação das regras.
A Lei nº 14.790/2023 atribuiu ao Ministério da Fazenda a responsabilidade pela regulamentação das apostas de quota fixa, mas a CPI analisa se parlamentares e outros agentes públicos atuaram para moldar a legislação em benefício de interesses específicos.
A comissão também avalia propostas para reforçar a fiscalização e garantir maior transparência nas relações entre políticos e empresas do setor. A criação de uma agência reguladora independente para monitorar o mercado de apostas é uma das possibilidades discutidas pelos parlamentares.
Como a influência política teria ajudado Rogatto
![](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/ei/ia/9c/eiia9cxzp3vun4f7nwonuyyu8.jpg)
Identificado como investidor financeiro e organizador de apostas, Rogatto também é empresário de atletas, sendo responsável pelas empresas William Pereira Rogatto Eireli e WR10, conforme consta no relatório final da CPI, que está disponível no site do Senado.
Rogatto relatou que começou a operar em 2009, no Campeonato Paulista, utilizando um time da Série A2 em dificuldades financeiras, mas não revelou qual equipe.
Posteriormente, segundo relatado à CPI, montou um escritório na cidade de São Paulo para operar apostas em “larga escala”, conforme o documento. O suspeito de manipulação de jogos também mencionou ter atuado diretamente em clubes de Jundiaí, Olímpia e Batatais, todas cidades do interior paulista, mas não especificou em quais times. Além disso, citou ainda a Sociedade Esportiva Santa Maria, de Brasília.
Segundo Rogatto, os dirigentes desses clubes tinham conhecimento dos esquemas de manipulação e estavam envolvidos nas ações.
Investigação no Distrito Federal
![](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/7a/1d/cr/7a1dcr2ok45b4o321polj7dj0.jpg)
No Distrito Federal, Rogatto é investigado pela Operação Fim de Jogo, conduzida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O relatório da CPI aponta sua atuação em partidas do Candangão 2024, o estadual do DF, envolvendo os clubes Ceilândia e Sociedade Esportiva do Gama.
Também há indícios de que buscou assumir a gestão do Santa Maria, clube do Distrito Federal. De acordo com o documento da CPI, Rogatto detalhou que, além dos clubes paulistas e brasilienses, sua rede de influência se estendia pelo Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Ele também mencionou que dirigentes esportivos facilitavam a inserção de manipuladores nos clubes. De acordo com as investigações, Rogatto teria sido responsável pelo rebaixamento de 42 clubes brasileiros, devido a resultados manipulados.
Ambiente favorecia
Sobre as motivações para a manipulação de jogos, Rogatto afirmou que a falta de pagamento de salários aos atletas cria um ambiente propício para a corrupção.
“Então, tudo começa lá dentro, e eu só sou apenas uma ferramenta, uma ferramenta para que as coisas aconteçam, que essas coisas venham tomar uma proporção grande. Só que, pô, vocês também não estão vendo o lado das pessoas que… Jogador que está em clube hoje e não recebe. Federação, hoje, um acúmulo gigantesco de dinheiro, de patrocínio, de tudo, não tem coragem de dar uma força pra um clube. Os clubes não têm condições de pagar um salário? Desculpa, meu amigo, a ocasião faz o ladrão. Infelizmente, vocês me dão brecha, eu vou entrar, ponto. Vocês não remuneram os atletas? Eu vou remunerar e vou ganhar nas casas de aposta, não tem muito segredo, cara. Se passar disso, é mentira, entende?”, relatou Rogatto no depoimento.
Conflitos de interesses
![](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/ef/bh/7s/efbh7syw9z51qmc036pkb7ws2.jpg)
A CPI também discute possíveis conflitos de interesse na regulamentação das apostas esportivas. A legislação vigente, Lei nº 14.790/2023, proíbe que controladores de empresas de apostas detenham participação em clubes ou atuem como dirigentes de equipes esportivas.
No entanto, as investigações indicam a presença de grupos de pressão e lobistas influenciando as regulamentações. A atuação de políticos, conforme acusado por Rogatto, para favorecer determinados setores dentro do mercado de apostas, também é alvo de apuração.
O iG entrou em contato com as câmaras municipais e com os clubes citados na reportagem para ter um posicionamento sobre as citações e acusações presentes no relatório da CPI e não obteve retorno até a publicação da matéria. Caso haja alguma manifestação, o texto será atualizado.