A delegada Maria Cecília Castro Dias foi afastada das funções na sexta-feira (7) por suspeita de envolvimento em esquema milionário de tráfico de drogas em São Paulo. Ela era titular do 77º Distrito Policial em Santa Cecília, para onde são encaminhadas ocorrências da região da Cracolândia.
Segundo as investigações, a delegada participaria de uma quadrilha de policiais civis que desviava cargas de drogas apreendidas para revendê-las. O esquema milionário de tráfico incluía a troca de cocaína por talco e gesso.
A operação da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo na sexta-feira cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de quatro policiais do 77º DP. Além da delegada, outros dois agentes foram afastados por decisão judicial.
O salário de Maria Cecília Castro Dias como delegada especial de primeira classe é de R$ 30,2 mil mensais, de acordo com o Portal da Transparência. Ela assumiu o 77º DP em agosto de 2024, ao deixar o 2º DP de Bom Retiro.
Entenda como funcionava o esquema milionário de tráfico na Polícia Civil
Segundo o Metrópoles, a quadrilha contava com mais de 40 informantes, os “gansos”, que avisavam da chegada das cargas de outros estados. A droga vinha principalmente do Mato Grosso do Sul, por onde passam os carregamentos do Paraguai e da Bolívia.
Pessoas disfarçadas de policiais civis realizavam falsas apreensões e levavam o material para um galpão, onde a cocaína era substituída por talco e gesso antes de ser encaminhada às delegacias.
Em seguida, peritos emitiam laudos falsos para atestar a pureza da cocaína apreendida. Dessa forma, os participantes do esquema ficavam com as cargas originais e vendiam para traficantes. Eles teriam faturado ao menos R$ 50 milhões em dois anos.
A delegada Maria Cecília Castro Dias coordenava a mesma delegacia do chefe de investigações Cléber Rodrigues Gimenez, preso no fim de janeiro por envolvimento com o tráfico de drogas.
O investigador é apontado como comandante do esquema milionário de tráfico e dono do galpão usado para substituição das cargas em Bom Retiro. Outros dois investigadores do 77º DP foram presos com ele.
A apuração começou com uma denúncia anônima enviada ao MPSP (Ministério Público de São Paulo) em julho de 2024, que dizia: “URGENTE !!!!!! O maior esquema de corrupção já visto na história das polícias”.