Dólar abre em alta, com mercado de olho em novas tarifas de Trump sobre aço e alumínio


Na última sexta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,51%, cotada a R$ 5,7930. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira encerrou em queda de 1,27%, aos 124.619 pontos. Notas de dólar.
Murad Sezer/ Reuters
O dólar abriu em alta no pregão desta segunda-feira (10), com investidores repercutindo a notícia de que os Estados Unidos devem anunciar, ainda hoje, novas taxas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio no país.
A informação foi anunciada pelo próprio presidente americano, Donald Trump, neste domingo (9). Atualmente, cerca de 25% do aço e 50% do alumínio usado nos EUA é importado e diversos países estão entre s fornecedores do produto, inclusive o Brasil.
Assim, essa tarifação pode impactar a economia de todos os principais exportadores, além de elevar a preocupação com a inflação nos EUA.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Ao final da sessão, o dólar subiu 0,51%, cotado a R$ 5,7930. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,7349, enquanto na máxima foi a R$ 5,8080. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,76% na semana e no mês;
recuo de 6,26% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,52%, cotada a R$ 5,7638.

a
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em queda de 1,27%, aos 124.619 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,20na semana e no mês;
ganho de 3,60% no ano.
Na véspera, o índice teve alta de 0,55%, aos 126.225 pontos.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O que está mexendo com os mercados?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ficar no centro das atenções na sessão desta sexta-feira (7). Durante entrevista a jornalistas na Casa Branca, e ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, o republicano afirmou que vai anunciar “tarifas recíprocas” sobre vários de seus parceiros comerciais na próxima semana.
O presidente norte-americano também informou que vai, junto ao líder do Japão, discutir a US Steel, empresa siderúrgica que recebeu uma proposta de aquisição pela japonesa Nippon Steel e que teve o negócio vetado pelo ex-presidente dos EUA, Joe Biden.
Entre os indicadores, o principal destaque ficou com os novos dados de emprego dos Estados Unidos. O payroll, principal relatório do mercado de trabalho norte-americano, indicou a abertura de 143 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em janeiro.
O resultado representa uma desaceleração em comparação a dezembro (307 mil, revisados) e ainda veio abaixo do esperado pelos economistas, de 170 mil. O documento, divulgado pelo Departamento do Trabalho norte-americano, ainda indicou que a taxa de desemprego recuou para 4%, de 4,1% no mês anterior.
A sinalização de desaceleração do mercado de trabalho pode dar mais espaço para que o Fed faça mais cortes de juros. Esse cenário também beneficiaria o real, já que torna o Brasil —que ainda tem juros elevados — um país mais atraente para investidores estrangeiros, o que atrai capital para cá.
Segundo o economista sênior do Inter, André Valério, no entanto, apesar de o resultado ser consistente com a dinâmica de “pouso suave” da economia pretendida pelo Fed, ainda há temores à frente que podem acabar pressionando novos aumentos de inflação.
“É um resultado que não altera as expectativas desde a última reunião, com a incerteza sobre a implementação das tarifas por parte de Trump ainda dominando o cenário. Assim, caminhamos para uma nova pausa por parte do Fed na reunião de março, mas ainda com espaço para dois cortes ao longo do ano”, afirma.
Além dos novos dados do mercado de trabalho, os investidores ainda monitoram os desdobramentos do impasse comercial entre Estados Unidos e China. Nesta semana, Trump impôs novas tarifas aos produtos chineses importados pelo país.
Falas de Haddad ficam na mira dos investidores
Já no ambiente doméstico, as atenções ficaram voltadas para as falas recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à rádio Cidade, o ministro falou sobre a inflação e os juros no Brasil e disse que o BC precisa ter cuidado para não provocar uma recessão econômica ao subir a taxa básica.
“Depende da hora e depende da dose. Se está tendo um repique inflacionário, precisa corrigir. O remédio é aumentar a taxa de juros para coibir alta de preços, mas isso tem de ser feito da maneira correta, na dose certa”, afirmou Haddad.
“É como antibiótico, não pode tomar a cartela em um dia, não pode tomar nem menos e nem mais. Politica monetária tem que ter sabedoria. Não pode jogar o país em uma recessão”, completou o ministro.
Questionado sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que a população não deve comprar produtos considerados caros nos supermercados, Haddad não respondeu.
Disse apenas que, mesmo com secas no ano passado, inundação no Rio Grande do Sul e disparada do dólar no fim de 2024, os preços “ainda estão abaixo do que o presidente Lula herdou do presidente Bolsonaro”.
“Vamos continuar tomando medidas de aumentar salário mínimo, corrigir tabela do IR, baixar o dólar, e melhorar a safra para combater os preços altos”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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