Atualização do documento foi feita na terça-feira (4), conforme a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 13 de dezembro de 2024. Certidão de óbito do estudante Luiz Fogaça Balboni, o Zizo, morto em emboscada durante a ditadura militar, foi corrigida na terça-feira (4).
Arte/g1
A certidão de óbito do estudante Luiz Fogaça Balboni, o Zizo, foi corrigida na terça-feira (4). No documento atualizado pelo cartório de Pinheiros, em São Paulo (SP), passou a constar a informação que a morte dele, em 1969, foi não natural, violenta, causada pelo Estado.
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A mudança segue a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 13 de dezembro de 2024, determinando que as certidões de óbito de 202 mortos durante a ditadura sejam corrigidas.
Em janeiro, a certidão de Rubens Paiva também havia sido corrigida. O engenheiro e ex-deputado federal desapareceu e foi morto pela ditadura militar em 1971.
A certidão anterior de Rubens Paiva foi emitida em 1996, após uma luta judicial da esposa, Eunice Paiva, para conseguir o documento. Nele, constava apenas como desaparecido desde 1971. A história da família é contada no longa-metragem “Ainda estou aqui”, indicado a três categorias do Oscar 2025.
A primeira versão da certidão de óbito de Zizo foi emitida no dia 26 de setembro de 1969, um dia após a morte do jovem, e como causa da morte constava apenas como “lesão traumática do pulmão”, até janeiro deste ano.
Luiz Fogaça Balboni, o Zizo, foi morto pelo Estado em 25 de setembro de 1969, quando tinha 24 anos
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Agora, o documento atualizado traz como causa da morte “não natural, violenta, causada pelo estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1969”.
Luiz Fogaça Balboni foi morto aos 24 anos, em 25 de setembro de 1969, em uma emboscada em São Paulo (SP). Zizo era o irmão mais velho da família e tinha sete irmãos. O jovem cursava o terceiro ano de engenharia quando, em 1968, trancou a matrícula e começou a atuar no movimento estudantil contra a ditadura.
Símbolo de resistência e preservação
Na mesma semana que a certidão de óbito foi corrigida, o Parque Ecológico do Zizo completou 27 anos na quinta-feira (6). Ele foi criado como uma forma da família ressignificar a ausência do jovem.
A reserva natural com área de 2.685.854 m², localizada entre Tapiraí (SP) e São Miguel Arcanjo (SP), foi comprada após a família de Luiz receber uma indenização do governo, ao reconhecer a morte do estudante, quase 30 anos após o crime, em 1998, preservando a memória da vítima.
“A gente não estava preparado para lidar com esse assunto [sobre o valor recebido], porque a gente buscava saber o que tinha acontecido com o Zizo. A minha mãe era viva e sofreu muito com a morte dele”, relembra Vital Fogaça Balboni, irmão mais novo de Zizo.
Na época, a família pensou em utilizar o dinheiro para abrir uma maternidade em São Miguel Arcanjo. “De repente, um dos irmãos deu a ideia de comprar as terras e a gente decidiu que era uma homenagem ao Zizo e criamos o que hoje é conhecido como o Parque do Zizo”, conta.
“Nada repara a morte de um ente querido, mas nós acertamos, lá atrás, fazer o que nós fizemos. O parque virou um centro muito lindo, maravilhoso, de formação de pessoas, de cuidar da gente do entorno. Trouxe para nós muita alegria e continua trazendo.”
A área total do Parque Ecológico Zizo, com 2.685.854 m², foi mapeada e curiosamente forma a letra “z”
Arquivo pessoal
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