Um incêndio causado por ligações elétricas ilegais no hotel desativado da família Kirchner em El Chaltén, na Argentina, deixou o centro de saúde da cidade sem energia elétrica.
Lá dentro, cem pessoas ocupam o hotel clandestinamente há pelo menos dois anos, o que tem gerado revolta da comunidade local.
O hotel La Aldea está localizado na entrada principal da vila. Embora nunca tenha aparecido nas declarações de Néstor e Cristina Kirchner, um laudo pericial do Supremo Tribunal Federal determinou que o hotel já estava construído e em funcionamento quando foi adquirido em 2009 pela Los Sauces S. A., empresa dos Kirchner dedicada à real atividade imobiliária.
A rota do hotel
A temporada 2015-2016 foi a última em que o hotel esteve aberto ao público, segundo reportagem publicada neste domingo pelo portal do jornal La Nacion.
Naquele ano, as obras de expansão começaram, mas permaneceram inacabadas até 2021, assim como os demais hotéis dos Kirchner. Estava sob supervisão judicial, que nomeava e contratava uma pessoa para morar ali e cuidar do imóvel.
Durante a primeira presidência de Cristina Kirchner, a Los Sauces S. A adquiriu o imóvel. A compra foi registrada em 13 de abril daquele ano no relatório de domínio 3645, entrada 6, por US$ 200.000, de acordo com a documentação comparada. Pelo mesmo valor, assinaram o documento de compra da Refugio Austral SRL e pagaram com um cheque do Banco Santa Cruz, de acordo com a ata corporativa.
Entretanto, o contador Manzanares, em seu depoimento como arrependido perante o tribunal, afirmou que “o valor real” da compra foi de US$ 1.200.000, segundo o que o próprio vendedor lhe disse.
Manzanares teve que registrar a transação imobiliária, como contador de Los Sauces, e lembrou que anos depois da venda do hotel, o antigo proprietário lhe confidenciou que ainda lhe deviam US$ 200.000, segundo o que disse durante suas declarações como arrependido.
Valor real
Qual era o valor real do hotel La Aldea em El Chaltén em abril de 2009, quando os Kirchner o compraram? De acordo com avaliações oficiais realizadas em novembro de 2016 pelo Tribunal Nacional de Avaliação, em abril de 2009 o valor do terreno com a pousada construída era de US$ 2.890.000: 14 vezes mais do que o valor pelo qual foi escriturado.
Segundo o contador Manzanares, o valor real da venda, que não aparece nos documentos, foi de US$ 1.200.000. ao valor do dólar em abril de 2009, que era US$ 3,70. Ou seja, a compra teria chegado a US$ 4.440.000. Então, Los Sauces pagou quase o dobro do valor real e 22 vezes mais do que o valor escrito, que era de US$ 200.000.