Audiência de Custódia foi realizada nesta sexta-feira, em Volta Redonda. Outras quatro pessoas, todas mulheres, vão responder ao processo em liberdade. Grupo foi preso na quarta, em Piraí. A Justiça converteu em preventiva a prisão em flagrante de um homem e uma mulher, de 58 e 49 anos, suspeitos de integrar uma quadrilha que aplicava golpes em idosos em Piraí (RJ). As outras quatro pessoas presas, todas mulheres, vão responder ao processo em liberdade (entenda o motivo abaixo).
O grupo foi preso na quarta-feira (3) e passou por uma audiência de custódia na tarde desta sexta-feira (5), na Cadeia Pública de Volta Redonda (RJ).
Na decisão, o juiz Marco Aurélio da Silva Adania ressaltou que as acusações são graves e que “a prisão dos flagranteados merece ser mantida para a conveniência da instrução criminal”.
“Eles agiram, ardilosamente, com o argumento de que vendiam purificares de água e outros produtos, realizavam empréstimos bancários em nome das vítimas, que são pessoas idosas, os quais, após liberação da quantia, ela era sacada utilizando uma máquina de cartão”, disse o juiz.
Apesar disso, o juiz concedeu liberdade provisória as quatro mulheres, de 43, 35, 36 e 32 anos, pois todas elas têm filhos menores de 12 anos de idade.
O benefício foi concedido por conta da decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2018, que não permite, salvo em algumas exceções, que gestantes, mulheres com filho de até 12 anos incompletos ou com filho deficiente de qualquer idade, do qual tenha a guarda, sejam presas preventivamente.
A prisão preventiva para estes públicos só é permitida se:
a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;
a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos, netos ou bisnetos);
em outras situações excepcionalíssimas.
Embora o juiz tenha decidido pela liberdade provisória, as quatro investigadas terão que cumprir, sob o risco de se decretar prisão cautelar, algumas exigências da Justiça, como:
Entregar, em até 10 dias, comprovante de residência no Cartório da Vara Criminal ou na Defensoria Pública de Piraí;
Comparecer, a cada dois meses, ao Juízo do Fórum de Piraí para informar e justificar suas atividades;
Proibidas de manter contato, por qualquer meio de comunicação, com as testemunhas e vítimas;
Manter atualizado o endereço e comunicar, imediatamente, ao Juízo em caso de mudança.
Quanto ao homem e a mulher que tiveram a prisão convertida em preventiva, o juiz determinou que fossem expedidos os mandados de prisão. Além disso, pediu para que a investigada seja encaminhada à avaliação e tratamento médico por conta de problemas de saúde.
Relembre o caso
Quadrilha de estelionatários suspeita de aplicar golpes em idosos é presa em Piraí
O grupo formado por cinco mulheres e um homem foi preso em flagrante por policiais civis na quarta-feira (3).
Segundo a Polícia Civil, a quadrilha agia da seguinte forma: quatro mulheres passavam de casa em casa e se apresentavam como funcionárias de uma suposta empresa que vendia produtos, como multiprocessador de água, torneira, pulseira e creme. Os alvos principais da quadrilha eram os idosos.
O kit completo saía no valor de R$ 3 mil. No entanto, de acordo com o perito da Polícia Civil, os produtos custam em torno de R$ 300 juntos.
Kit oferecido pela quadrilha
Divulgação/Polícia Civil
Para convencer os idosos a efetuarem a compra, as mulheres alegavam que a água da cidade era poluída e contaminada.
As investigações mostraram ainda que o grupo usava um produto para deixar a água amarelada. Disfarçadamente, eles pingavam o líquido em um copo para provar que a água estava contaminada.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, as vítimas não tinham o dinheiro na hora, mas a quadrilha conseguia com que os idosos fizessem empréstimos em uma agência financeira.
Depois do dinheiro cair na conta do idoso, o cartão de débito da vítima era passado na máquina de cartão da suposta empresa. Desta forma, os golpistas pegavam o dinheiro que foi adquirido no empréstimo.
Como a polícia chegou aos golpistas?
A Polícia Civil chegou aos golpistas após uma denúncia de um funcionário de um banco da cidade. Ele reparou que uma idosa, de 71 anos, estava sendo vítima de estelionato e que os autores estavam do lado de fora da agência bancária.
Ao ser questionada pela polícia, a idosa disse que estava tentando desbloquear o cartão e que um casal a aguardava na rua para efetuar o pagamento. Ela informou ainda que já tinha dado R$ 3 mil e daria mais R$ 3 mil.
O casal e a vítima foram levados para a delegacia de Piraí para serem ouvidos. Em depoimento, os suspeitos citaram a participação de outras quatro mulheres nos golpes.
Os policiais iniciaram buscas para localizar as outras envolvidas, que foram encontradas em ruas próximas fechando contrato em outra residência.
No carro do grupo, foram apreendidos duas torneiras, quatro pulseiras, cinco cremes “massageadores”, uma camisa azul com logotipo da empresa falsa, uma furadeira, uma garrafa contendo um líquido com a inscrição “Tolidina-Orto determinação de cloro residual” — produto usado para deixar a água amarela.
Também foram encontradas quatro pastas com vários documentos com dados de diversas pessoas, com comprovantes de máquina de cartão. Todas as transações tinham como beneficiário o homem, apontado como o chefe da quadrilha.
Produto usado para deixar a água amarelada
Divulgação/Polícia Civil
Polícia pede para que vítimas procurem a delegacia
A Polícia Civil pede para que pessoas que tenham sido vítimas desta quadrilha procurem a delegacia de Piraí para denunciar o caso. A unidade fica localizada na Rua 15 de Novembro, n° 290, Centro.
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