Lance mínimo baixou de R$ 35,7 milhões para R$ 21,4 milhões. Segundo edital, prédio não pode ser todo demolido e precisará ser reformado segundo diretrizes da prefeitura do Recife. Edifício Holiday, na Zona Sul do Recife, foi desocupado em março de 2019
Reprodução/TV Globo
O Edifício Holiday, localizado no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foi a leilão pela primeira vez nesta quinta-feira (30), mas não recebeu nenhum lance. O prédio modernista projetado por Joaquim Rodrigues passará por uma nova tentativa de venda no dia 20 de fevereiro, desta vez, com lance mínimo de R$ 21,4 milhões, um valor 40% menor em relação ao primeiro leilão.
A 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital avaliou o prédio em R$ 34,9 milhões após uma inspeção técnica em abril de 2024. O valor foi corrigido para R$ 35,7 milhões em dezembro de 2024, quando a instituição definiu a data para a primeira praça do leilão.
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O edital já previa a segunda tentativa de venda, marcada para fevereiro, caso o imóvel não fosse arrematado na primeira oferta. Apesar da diferença no valor, as regras continuam as mesmas: quem comprar o Holiday deverá reformar o prédio mantendo sua arquitetura original, sem autorização para demoli-lo completamente.
“Considerando a grande interferência na paisagem urbana e na memória afetiva da população, o Holiday é um marco na paisagem do Recife e da urbanização de Boa Viagem, não aconselhamos a demolição dos elementos originais, a menos que haja, comprovadamente, comprometimento considerável dos elementos originais do edifício”, diz a prefeitura do Recife nas diretrizes para intervenção no Edifício Holiday.
Ainda de acordo com o documento, o custo da futura reforma e a recuperação do prédio será responsabilidade do arrematante e não poderá ser descontado do valor da compra do imóvel.
O Edifício Holiday é composto por:
442 apartamentos tipo estúdio, de 1 quarto com 18,03 m²;
34 apartamentos tipo estúdio, de 2 quartos com 36,06 m²;
17 lojas comerciais e boxes;
Área de terreno: 5.054,72 m²;
Área construída: 15.221,80 m²;
Área cobertura: 1.589 m².
Seguindo as diretrizes da prefeitura do Recife, o edital autoriza o acréscimo de 4.790,61 m² de área privativa, de 2.733,83 m² na área comum, e a ocupação adicional de 2.202,04 m² no terreno.
As diretrizes de intervenção foram elaboradas pela equipe técnica da prefeitura do Recife, composta pela Unidade de Licenciamento em Zonas Especiais, Secretaria Executiva de Licenciamento e Secretaria de Política Urbana e Licenciamento.
Parâmetros de intervenção no Edifício Holiday
TJPE/Reprodução
Deterioração da estrutura
O Edifício Holiday foi construído em 1956 e desocupado em 2019. Com 17 andares, no prédio moravam mais de 3 mil pessoas. O edifício representa, segundo estudiosos, um marco arquitetônico e social para a cidade.
Apesar de sua relevância, o Holiday acumulou uma série de problemas estruturais ao longo dos anos, incluindo ligações elétricas clandestinas que motivaram a desocupação da estrutura pelo alto risco de incêndio.
Durante a avaliação para estipular o valor de mercado da construção, em abril de 2024, os técnicos apontaram que os apartamentos do Holiday já não têm esquadrias, portas, janelas, instalação elétrica, nem hidráulica. Os avaliadores também encontraram muito lixo dentro do edifício (veja vídeo abaixo).
Veja como está o Edifício Holiday por dentro
Relembre o caso
A desocupação do Edifício Holiday começou no dia 9 de março de 2019, quando alguns moradores deixaram o imóvel depois que a Neoenergia cortou a energia do local por causa de falhas no sistema elétrico, o que motivou um protesto dos moradores;
Quatro dias depois, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou a imediata interdição e desocupação do prédio. A retirada dos moradores foi concluída no dia 23 de março daquele ano;
A partir de então, o imóvel ficou sob os cuidados da prefeitura do Recife, permanecendo inabitado;
Em setembro de 2020, vários tapumes que tinham sido colocados no local foram retirados, expondo um cenário de degradação e sujeira;
Além disso, desde a interdição, casos de roubos se tornaram frequentes no local. Entre as ocorrências, dois homens foram flagrados pela TV Globo roubando janelas e esquadrias do edifício;
Em outubro de 2021, uma decisão judicial determinou a demolição de construções irregulares no térreo e no entorno do Holiday;
Três anos após a interdição, em março de 2022, ex-moradores do prédio fizeram um protesto pedindo ajuda contra a degradação do imóvel;
Em novembro de 2023, alegando que o condomínio e os proprietários não conseguiam garantir a segurança do patrimônio nem os reparos necessários, o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto autorizou que um leilão fosse realizado para a venda do edifício e determinou que os donos dos apartamentos fossem indenizados;
O imóvel foi avaliado em R$ 34,9 milhões e o leilão foi marcado para os dias 22 e 23 de maio de 2024;
Na véspera do leilão, o desembargador Antenor Cardoso Soares Júnior, atendendo a um pedido da Defensoria Pública, suspendeu a venda, alegando que a decisão anterior foi “prematura” e permitia a demolição do imóvel, o que poderia trazer prejuízo de “impossível reparação”.
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