Imagens da poluição na cidade têm circulado nas redes sociais e causado indignação na população. Prefeito Antônio Francisco Neto enviou um ofício para a siderúrgica cobrando reparos. ‘Nível insuportável nos últimos dias’, diz prefeito de Volta Redonda sobre poluição
Imagens da poluição provocada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, no interior do Rio de Janeiro, têm circulado nas redes sociais e causado indignação na população. O problema já é recorrente no município há vários anos.
Na última segunda-feira (24), o prefeito Antônio Francisco Neto enviou um ofício à CSN cobrando mais rapidez em reparos da sintetizações da siderúrgica. Segundo a prefeitura, os setores são os mais emissores dos poluentes atmosféricos, conhecidos como “pó preto”.
No documento enviado para a empresa, o prefeito cobra a apresentação de um cronograma “prático e transparente” de quando as obras que já estão acontecendo vão ter algum efeito na cidade.
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Poluição afeta saúde dos moradores
Pó preto é incluído em lista de monitoramento
Carro coberto por pó preto
Reprodução
Desde o ano passado, a CSN informou que vem atuando para diminuir a emissão de poluentes no município.
“Independente da aceleração das reformas, solicito que sejam adotadas medidas para a imediata redução das emissões, que nos últimos dias atingiram níveis alarmantes. Os níveis de emissão do pó preto estão insuportáveis”, disse Neto.
Bairro coberto por fumaça preta
Reprodução
“Todos esperávamos que, com o início das reformas e o desligamento temporário de uma das sinterizações, a situação fosse melhorar. Infelizmente, isso não aconteceu. Dentro de nossas competências, vamos cobrar e acompanhar as reformas com mais atenção”, completou o prefeito.
Em imagens enviadas para o WhatsApp da TV Rio Sul (veja acima), é possível ver uma fumaça cinza escuro cobrindo vários pontos da cidade. Os vídeos são deste fim de semana e foram feitos nos bairros Aterrado e Jardim Amália.
Um outro registro enviado mostra uma pá cheia do chamado “pó preto”. Em uma outra fotografia, um carro aparece coberto pelo poluente.
A responsabilidade de fiscalizar a poluição é do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Procurado, o órgão não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.
Em nota, a CSN disse que “entende as preocupações do prefeito e fornecerá todas as informações sobre as inúmeras obras e medidas adotadas para mitigar o pó preto em Volta Redonda”.
Pá com pó preto em Volta Redonda
Reprodução
Reformas na área de sinterização da CSN
Em maio deste ano, as reformas da área da sinterização da CSN entraram em um novo estágio. Na ocasião, uma comitiva da prefeitura de Volta Redonda visitou os canteiros de obras montados no interior da usina.
Segundo o governo municipal, o objetivo do encontro foi acompanhar as ações da empresa para reduzir a emissão do “pó preto”, principalmente com a chegada do período de seca.
‘Pó preto’ entra em lista de monitoramento do RJ
Em setembro do ano passado, o estado do Rio de Janeiro regulamentou os padrões de qualidade do ar com base nos modelos nacionais e as diretrizes e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O decreto foi assinado pelo então governador em exercício, Thiago Pampolha.
Uma das novidades foi a inclusão do Programa Estadual de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis, o pó preto, material emitido pela CSN.
Desde 2017, os poluentes sedimentáveis não estavam na lista daqueles que precisavam ser monitorados pelas autoridades ambientais. Isso porque o governo do estado havia retirado essa obrigatoriedade.
A regulamentação estabelece a criação de Planos de Controle de Emissões para episódios críticos de poluição do ar em todo o estado
O decreto prevê ainda que o Inea responsável por fiscalizar o cumprimento das normas, divulgue, diariamente, os índices de qualidade do ar no estado e que amplie o número de estações de monitoramento. O documento também determina que, anualmente, o órgão elabore um relatório de avaliação as condições do ar.
Passados quase 1 ano desta regulamentação, o g1 questionou o Inea sobre a realização das novas determinações, mas ainda não obteve resposta.
Efeitos na saúde
‘Pó preto’ da CSN: a poluição que se espalha por Volta Redonda, afeta a saúde de moradores e deixou de ser fiscalizada pelas autoridades
Doenças respiratórias, poluição, ruas e casas sujas. Essas são algumas das consequências provocadas pelo pó preto. O material produzido pela siderúrgica mais antiga do Brasil, a CSN, é formada por micropartículas de ferro que, soltas no ar, podem contaminar moradores e poluir rios.
O material poluente é o responsável por provocar o aumento de casos de doenças respiratórias no município.
“A poluição atinge quando ela começa a interferir na nossa qualidade de vida. Eu quero brincar com meu filho do lado de fora da casa, mas a minha preocupação é: Vai vir uma crise de asma? (…) A gente ta sempre sujo. A gente lava roupa, coloca no varal para secar e a roupa volta suja. O impacto da CSN na nossa vida hoje é sujeira”, disse a fisioterapeuta Thais Vasconcellos ao repórter André Trigueiro, da Globo Rio, em 14 de julho de 2023.
Em julho do ano passado, o Inea multou a empresa em mais de R$ 1 milhão por poluir Volta Redonda.
CSN recebe multa de R$ 1 milhão por poluição em Volta Redonda, no sul do Rio de Janeiro
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