O primeiro mandato de Trump (2016-2020) coincidiu com parte do mandato de Jair Bolsonaro no Brasil (2018-2022). Claro que havendo identidade de ideias e visão de mundo entre os dois, como há, a relação era mais afável, digamos.
Agora, 2025, e em relação ao Brasil, o presidente norte-americano terá que estabelecer um entendimento com Lula e a esquerda brasileira. Certamente será um desafio para ele e também para o presidente brasileiro.
Um precisa outro, mas há uma assimetria aí: o Brasil precisa mais dos EUA do que o contrário. Isso já seria verdade numa situação qualquer, é, porém, ainda mais verdadeiro pelo momento que a esquerda atravessa no continente, de clara baixa.
O fim melancólico do governo Fernandez na Argentina, as eleições fajutas de Maduro na Venezuela, o exílio de Rafael Correa do Equador — condenado por corrupção –, a tentativa de golpe de Castillo no Peru e o governo morno de Gabriel Boric no Chile, mostram uma esquerda que busca seu rumo, uma certa estabilidade.
A vitória da direita nos EUA por certo confere um ar renovado para a direita no Brasil. Claro que sim. Não há, porém, nenhuma correia de transmissão de um ponto a outro. Há muitos desafios por aqui. Se o Congresso é hostil a Lula, a economia vai bem e pode ser a senha para Lula e o PT em 2026.
Trump tem como influenciar diretamente no pleito presidencial brasileiro? A princípio não. Mas o suporte ideológico e também financeiro não é nada desprezível e pode ser, sim, um elemento importante no processo eleitoral.