Novo método interfere na capacidade de transmissão do vírus pelo mosquito. Iniciativa faz parte do combate à proliferação do Aedes aegypti
Lucas Garriga/INaturalist
O Ministério da Saúde do Governo Federal divulgou que Presidente Prudente (SP) é uma das primeiras cidades brasileiras a receber o método Wolbachia na nova fase de implementação, como parte da política de saúde pública no combate à proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
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A introdução de tecnologias de controle vetorial como essa faz parte do Plano de Ação 2024/2025, que visa reduzir os impactos das arboviroses.
Desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP) em parceria com a Fiocruz, o método interfere na capacidade de transmissão do vírus pelo mosquito, tornando-o menos eficiente na disseminação da doença.
Engajamento comunitário
Presidente Prudente encontra-se na fase de engajamento comunitário, na qual as equipes do projeto, juntamente com os municípios parceiros, estão em contato com a população e com instituições como unidades de saúde, escolas, associações e ONGs.
O objetivo é compartilhar informações sobre o método Wolbachia, esclarecer o trabalho que será realizado em campo e detalhar o processo de liberação e monitoramento dos mosquitos Aedes aegypti infectados pela bactéria.
Uma das metas do Ministério da Saúde é expandir a metodologia Wolbachia para mais 40 municípios em 2025.
Até o momento, cerca de 4 milhões de habitantes foram beneficiados com a tecnologia em oito cidades brasileiras:
Londrina (PR);
Foz do Iguaçu (PR);
Joinville (SC);
Niterói (RJ);
Rio de Janeiro (RJ);
Campo Grande (MS);
Belo Horizonte (MG); e
Petrolina (PE).
Esse número deverá atingir 5 milhões com as liberações previstas para Presidente Prudente (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG).
Com a expansão, o Brasil espera cobrir um maior número de cidades e otimizar a distribuição desses ovos às regiões mais críticas.
“A nossa meta é transformar essa tecnologia em política pública, deixando de ser um projeto de pesquisa e passando a integrar as estratégias permanentes de controle do Aedes aegypti em larga escala”, afirmou o secretário-adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha.
Biofábricas
Atualmente, há biofábricas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, onde é reproduzido todo o ciclo de vida do mosquito, além da produção de ovos. Foz do Iguaçu, Londrina e Joinville também abrigam biofábricas, responsáveis pelo processo iniciado com a eclosão dos ovos do Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia.
Além disso, estão em andamento novas biofábricas que seguirão esse mesmo modelo nas cidades de Presidente Prudente, Natal e Uberlândia.
Entenda o método
A Wolbachia é uma bactéria encontrada em cerca de 60% dos insetos, incluindo alguns tipos de mosquitos, mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti. Quando introduzida nesse mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para a redução dessas doenças.
O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, que se reproduzem com os mosquitos locais, formando gradualmente uma nova “população” de mosquitos portadores da bactéria. Com o tempo, a proporção de mosquitos infectados aumenta até atingir um nível estável, eliminando a necessidade de novas liberações. Esse efeito torna o método autossustentável e viável a longo prazo.
Os “Wolbitos”, como são chamados os mosquitos infectados pela bactéria, não são organismos transgênicos e, portanto, não sofrem modificação genética. Além disso, não transmitem doenças, e a Wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
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