Homem, de 42 anos, disse que os dois eram amigos e foi chamado pela idosa para morar com ela em Paraty, mas negou o relacionamento. Vítima foi resgatada na terça-feira após uma denúncia de vizinhos. Outros dois suspeitos estão presos. Três homens são presos suspeitos de manter mulher em cárcere privado em Paraty
A Polícia Civil informou que um dos três presos por suspeita de manter a idosa suíça em cárcere privado há mais de seis meses em Paraty (RJ) já teve um relacionamento com ela. Os dois moraram juntos entre 2013 e 2017, na mesma casa onde a vítima foi resgatada, no bairro Ponte Branca.
De acordo com a Polícia Civil, o homem, de 42 anos, disse que os dois eram amigos e foi chamado pela idosa para morar com ela. Ele, no entanto, nega o relacionamento — fato que foi confirmado por várias testemunhas.
Em 2017, ainda segundo a polícia, o suspeito começou um outro relacionamento e deixou a residência, mas “continuou rondando o imóvel”. Por já conviver com a idosa há bastante tempo, ele tinha conhecimento do patrimônio dela, o que motivou o cárcere.
“Os fins para esse confinamento são relativos à obtenção de vantagens financeiras. Há indícios e elementos de que um dos partícipes dessa organização criminosa recebera uma escritura de um imóvel situado em Cunha (SP), no valor aproximado de R$ 1,8 milhão”, explicou o delegado Marcelo Russo.
O homem e um outro rapaz, de 27 anos, foram presos no momento em que chegavam à casa onde mantinham a idosa em cárcere privado. Eles tentaram fugir, mas foram alcançados.
Já o terceiro, um jovem, de 20 anos, apontado como um gerenciador do cárcere que passava a noite na residência, foi encontrado dentro do imóvel.
Casa onde a idosa era mantida em cárcere privado
Divulgação/Polícia Civil
Suspeitos transferidos para Cadeia Pública
Os três suspeitos passaram a noite na delegacia de Paraty e foram transferidos para a Cadeia Pública de Volta Redonda (RJ) na manhã desta quarta-feira (31). Eles devem passar por uma audiência de custódia nesta quinta-feira (1°).
Os homens respondem por cárcere privado duplamente qualificado, privação de liberdade por mais de 15 dias, associação criminosa e privar uma pessoa idosa de suas necessidades básicas. Somadas, as penas máximas podem chegar a 15 anos de prisão.
Já a idosa, que foi levada para o Hospital Municipal de Paraty com um quadro de confusão mental e certa debilidade física, permanece internada nesta quarta-feira. Ela está recebendo atenção médica e de uma equipe de assistentes sociais.
Denúncia levou a polícia ao local
A Polícia Civil chegou até a residência depois de uma denúncia feita por vizinhos no último domingo (28). Por causa do movimento discreto no local, os moradores achavam que a residência estava vazia.
Os vizinhos desconfiaram que havia alguém no imóvel após escutarem um barulho e perceberem que as luzes estavam acesas.
Quando observou que havia pessoas do lado de fora da residência, a idosa gritou dizendo que não tinha como sair e que só tinha ovo para comer.
Para entrar na residência e resgatar a vítima, os policiais precisaram arrombar cadeados para soltar as grades. De acordo com a Polícia Civil, ela sofria privação de necessidades básicas, tinha escassez de alimentos e comida imprópria para o consumo.
Idosa é resgatada de cárcere privado em Paraty
Divulgação/Polícia Civil
Filha de pintora… há anos no Brasil
A Polícia Civil ainda informou que a suíça veio para o Brasil com a mãe há uns 20 anos. Por gostarem da cidade, decidiram ficar no país.
A idosa é filha de uma pintora, já falecida há mais ou menos 10 anos. Desde então, ela vivia sem parentes por perto — fato que colaborou para ser alvo dos suspeitos. Até a publicação desta reportagem, a Polícia Civil não havia conseguido localizar nenhum parente dela.
“No local do cárcere privado dessa senhora suíça, aqui em Paraty, nós encontramos aproximadamente 300 quadros, todos pintados pela mãe da vítima, que alguns deles pertencem, inclusive, ao Museu Nacional da Suíça. Nós vamos submeter todo o material apreendido para perícia técnica criminal do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e vamos entrar em contato com o Consulado da Suíça para que esse acervo seja recuperado”, concluiu o delegado.
Quadros encontrados na casa da idosa
Divulgação/Polícia Civil
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