Gêmeos autistas se destacam por escrever livros de histórias infantis e amor pelo Fluminense


Arthur escreve e ilustra livros para crianças. Gustavo já até entrou em campo com o jogador Marcelo em uma partida e é apaixonado por trens. Conheça a história dos irmãos, de 13 anos, moradores de Paulo de Frontin. Livros de histórias infantis, desenhos, amor pelo Fluminense e trens. Essas são as paixões dos gêmeos Arthur e Gustavo, de 13 anos, moradores de Paulo de Frontin.
Eles têm transtorno de espectro autista e se destacam por suas habilidades em áreas distintas.
Arthur e Gustavo, de 13 anos, são moradores de Paulo de Frontin
Arquivo pessoal
O Arthur é o escritor e ilustrador da família. Desde os 5 anos de idade escreve vários livros de histórias infantis.
“O primeiro livro foi escrito com 5 anos no papel. Aos seis anos, ele fez um curso de informática para fazer os livros no computador. Ele escreve e ilustra. Agora, ele escreve, eu faço a capa e levo para imprimir”, explicou a mãe.
Arthur já fez mais de 30 livros
Camila Teixeira/g1
Os temas são variados: animais, vegetais e brinquedos. Os assuntos são voltados sempre para o universo infantil. Ao todo, Arthur já escreveu e ilustrou mais de 30 livros.
Segundo a mãe, o amor pela leitura começou bem cedo. Assim que entrou na escola, em uma das apresentações culturais Arthur leu na frente de todo o público um livro.
“Ele sempre gostou de mexer com coisas de letras. Quando íamos comprar presentes ele nunca quis um brinquedo, ele sempre queria um livro. Ele puxava a nossa mão para entrar na livraria e escolhia. Quando entrava na livraria era o universo dele, ele sempre ficava olhando e trazia para a casa uns três. Todos os dias antes de dormir ele lê um pouco”, contou Cynthia Teixeira.
“Eu escrevo os livros ilustrados por mim. Quando faço alguma coisa me sinto orgulhoso”, comentou Arthur.
Arthur faz os textos e ilustrações dos livros
Camila Teixeira/g1
Já uma das paixões do irmão, Gustavo, são os trens. Desde os 3 anos, ele gostava de sair para ver as locomotivas perto de casa e em cidades vizinhas.
“A gente saía daqui com ele pequeninho para ver a cancela dos trens, hoje pesquisa no google maps linhas de trens e cancelas”, lembrou Cynthia.
Arthur e Gustavo da esquerda para a direita
Arquivo pessoal
Diferente de Arthur que não liga muito para futebol, dos 12 anos para cá, outro amor disputa espaço no coração de Gustavo: o Fluminense.
Influenciado pelo avô, ele tem um “estúdio”, como ele fala, com camisas, canecas e lembranças dos jogos que já foi.
“Sou flamenguista e tudo, mas em julho deste ano conseguimos, graças a um amigo, a oportunidade dele assistir um jogo do Fluminense de camarote e ainda entrou em campo com o Marcelo em uma das partidas no Maracanã”, pontuou o pai dos gêmeos, Denísio dos Santos.
Gustavo no espaço da casa dedicado ao Fluminense
Camila Teixeira/g1
Mais do que colecionar itens do Fluminense, o hobby de Gustavo é assistir aos jogos de futebol e fazer comentários como um comentarista esportivo em tempo real para os pais, para a avó ou o irmão.
“Por exemplo, estamos assistindo um jogo. Ai ele fica hoje e amanhã vendo e revendo o jogo. Ai quando ele encontra alguém, vai e conta tudo, todos os detalhes, quantos gols fez, fala ‘foi falta!'”, explicou Cynthia.
“Alô, vocês que vivem vendo TV Rio Sul! este é o meu estúdio de trens e Fluminense”, disse Gustavo para a equipe de reportagem da emissora.
Espaço dedicado aos itens do Fluminense e trens
Camila Teixeira/g1
Os gêmeos ainda estão na escola, mas já escolheram o que querem ser no futuro: Arthur quer ser professor contador de histórias e Gustavo pretende trabalhar em um trem como maquinista.
Sobre o diagnóstico
O diagnóstico do espectro autista veio aos 2 anos e meio, mas a desconfiança de que algo estava diferente veio na festa de um ano deles.
“Eles choraram do início ao fim. Este foi o primeiro sinal que eles deram de que tinha alguma coisa de errado. Eles não andavam. Tiveram que ser estimulados para andar e falar. Com dois anos e meio a neuropediatra e a fono fecharam o diagnóstico: autismo”, recordou a mãe.
O autismo é um transtorno de desenvolvimento da primeira infância em que ocorrem dificuldades na comunicação e interação social. Não há só um tipo de autismo, mas graduações dentro desse transtorno de desenvolvimento. Um espectro abrange diferentes gradações, intensidades.
A descoberta do transtorno foi um baque para os pais de primeira viagem, que decidiram conhecer mais sobre o autismo e conversar com outras famílias que vivem em situação semelhante.
“Falar para todo mundo e não esconder é muito importante. Porque muita gente esconde o diagnóstico das pessoas por medo, por não conhecer. Esconder é pior porque aí você não vai conhecer nunca. Mas, você buscando, você falando te abre um mundo que te faz ver que tem milhares de pessoas na mesma situação. Isso me encorajou a buscar uma melhor forma de vida para eles”, .
Desde o resultado do diagnóstico, os meninos fazem acompanhamento médico especializado com neuropediatras e fonoaudiólogos.
Como diferenciar os dois?
Arthur e Gustavo são gêmeos, mas possuem diferenças físicas e personalidades distintas. O g1 perguntou ao pai, Denísio, quais são as diferenças entre eles.
“Diferenciar os dois é muito fácil: o Arthur é mais fechado, é mais nada dele, não gosta de sair, gosta de ficar no computador, ali é o mundo dele, ele aprende e faz tudo sozinho. Já o Gustavo é mais falante, ama trens e é tricolor de coração”, finalizou Denísio.
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