Empresa teve dinheiro apreendido. Valores apurados nos leilões não eram devolvidos aos proprietários, diz MPRJ. O Ministério Público do Rio de Janeiro está investigando uma empresa de guinchos e reboques por crimes de organização criminosa e peculato. Segundo o MPRJ, a Prime Serviços de Reboque, Estacionamento e Locação, com filial em Barra Mansa (RJ), teria embolsado mais de R$ 3 milhões em leilões indevidos de veículos apreendidos pela polícia ou em processos judiciais.
A empresa tem sede em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Além de Barra Mansa, há filiais em outras quatro cidades do estado: Maricá, Araruama, Magé e Macaé.
De acordo com o MPRJ, a Prime tem um contrato firmado com a prefeitura de Barra Mansa para guardar os veículos apreendidos. No entanto, “teria promovido leilão dos automóveis sem prévia autorização judicial ou da autoridade policial, sob argumento de custeio das despesas de remoção e guarda diária no pátio da empresa”.
Pátio onde são guardados veículos apreendidos em Barra Mansa
Divulgação/Ministério Público
As investigações começaram a partir da informação de que um carro apreendido em uma prisão em flagrante teria sido vendido em leilão sem autorização. Os crimes estariam ocorrendo desde junho de 2019 e, desde então, ao menos 168 veículos foram leiloados ilegalmente. Segundo o MPRJ, “os valores obtidos nos leilões tampouco teriam sido depositados em juízo ou devolvidos aos proprietários dos veículos”.
“Em alguns casos, os criminosos usaram um mesmo documento como modelo, alterando somente os dados do veículo. Nesses casos, independente do ano de fabricação e da marca, os carros foram leiloados pelo mesmo valor, R$ 642,22, e para um mesmo comprador”, disse o MP.
No decorrer das investigações, o órgão afirmou que a empresa alterou o quadro de societário “como tentativa de esquivar os sócios da responsabilidade penal pelos crimes que praticaram”.
Operação do MPRJ cumpre mandados de busca e apreensão em Barra Mansa e Nova Iguaçu
Divulgação/Ministério Público do Rio de Janeiro
Na última terça-feira (3), equipes do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), ambos do MPRJ, realizaram a operação Pátio Ilegal para cumprir mandados de busca e apreensão na sede da empresa, na filial de Barra Mansa e em endereços residenciais de quatro sócios e administradores.
Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Barra Mansa. A Justiça determinou ainda a quebra de sigilo bancário e fiscal dos denunciados e o bloqueio de bens pessoais, como também da pessoa jurídica. Exigiu ainda que o contrato firmado com a prefeitura seja suspenso.
Foram apreendidos celulares, dispositivos eletrônicos e documentos pertinentes a leilões. Todo o material será analisado na continuidade das investigações.
O g1 procurou a Prime Serviços de Reboque, Estacionamento e Locação, mas não havia obtido uma resposta até a publicação desta reportagem.
Procurada pelo g1, a prefeitura de Barra Mansa se pronunciou sobre o assunto. Leia a nota na íntegra:
“A Prefeitura de Barra Mansa, por meio da Secretaria Municipal de Ordem Pública, informa que se trata de uma concessão de serviço público onde o município de Barra Mansa figura tão somente como poder concedente. A Prefeitura fiscaliza o serviço que lhe compete, conforme estabelecido em contrato.
Importante salientar que o município de Barra Mansa não é parte de qualquer processo judicial relacionado ao assunto, assim como não foi intimado sobre qualquer decisão relativa ao mesmo”.
Documentos apreendidos durante operação do MPRJ em Barra Mansa e Nova Iguaçu
Divulgação/Ministério Público
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VÍDEOS: as notícias que foram ao ar na TV Rio Sul
MP investiga empresa que embolsou mais de R$ 3 milhões em leilão indevido de veículos apreendidos
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