RJ regulamenta padrões de qualidade do ar e inclui o ‘pó preto’ da CSN na lista de monitoramento


Decreto foi assinado pelo governador em exercício, Thiago Pampolha, e divulgado no Diário Oficial. Pó da companhia estava não estava na lista daqueles que precisavam ser monitorados desde 2017. O estado do Rio de Janeiro regulamentou os padrões de qualidade do ar com base nos modelos nacionais e as diretrizes e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). O decreto foi assinado pelo governador em exercício, Thiago Pampolha, e divulgado no Diário Oficial na segunda-feira (4).
Na prática, a regulamentação torna mais rigoroso o controle da qualidade do ar no estado. Uma das novidades é a inclusão do Programa Estadual de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis, o pó preto, material emitido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda (RJ).
Fumaça preta saindo da CSN, em Volta Redonda
Reprodução/Redes sociais
Desde 2017, os poluentes sedimentáveis não estavam na lista daqueles que precisavam ser monitorados pelas autoridades ambientais. Isso porque o governo do estado havia retirado essa obrigatoriedade.
A regulamentação estabelece a criação de Planos de Controle de Emissões para episódios críticos de poluição do ar em todo o estado
O decreto prevê ainda que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável por fiscalizar o cumprimento das normas, divulge, diariamente, os índices de qualidade do ar no estado e que amplie o número de estações de monitoramento. O documento também determina que, anualmente, o órgão elabore um relatório de avaliação as condições do ar.
Em nota, a CSN disse que “está analisando os detalhes do decreto, mas que a posição da empresa é a de sempre respeitar e cumprir a legislação vigente”.
O prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto, comemorou a decisão do governo estadual e afirmou que “a companhia tem totais condições de produzir cada vez mais e poluir cada vez menos”.
O g1 também entrou em contato com o Inea e aguarda uma resposta.
‘Pó preto’ da CSN
Pó preto da CSN no chão da casa de moradores em Volta Redonda
Reprodução/Redes sociais
O material produzido pela siderúrgica mais antiga do Brasil, a CSN, em Volta Redonda, é formado por micropartículas de ferro que, soltas no ar, podem contaminar moradores e poluir rios.
O problema é antigo na cidade e ganhou ainda mais repercussão após flagrantes de poluição nos últimos meses. Moradores chegaram a ir às ruas para manifestar contra a emissão do pó preto, e o Inea multou a CSN em R$ 1 milhão pela emissão dos poluentes.
Moradores manifestam contra pó preto da CSN em Volta Redonda
Jeniffer Marcato/TV Rio Sul
Ao repórter André Trigueiro, da Globo Rio, o pesquisador da Fiocruz Marcelo Moreno afirmou que existe uma relação entre a fumaça da CSN e o aumento de casos de doenças respiratórias.
“A gente já tem estudos que mostram que a poluição do ar agride a saúde do feto. Então, a gente vai ter crianças nascidas com baixo peso, nascidas prematuramente. Isso já está comprovado por estudos”, comentou.
“Outros estudos associaram a mortalidade por doenças respiratórias nos períodos que a gente tem mais episódios de poluição no município. E outro estudo mostrou que a taxa de internação por doença respiratória associada a poluição também é alta nos períodos mais frios do ano”, completou Moreno.
CSN diz ter investido para melhorar qualidade do ar
A CSN começou no dia 12 de julho a aplicar polímero sobre as pilhas de material particulado e em áreas mais sensíveis a dispersão de poeira pelo ar.
CSN inicia ações para reduzir pó preto em Volta Redonda
Divulgação/Prefeitura de Volta Redonda
Segundo a CSN, esse produto é biodegradável e não oferece risco ambiental ou à saúde das pessoas. Com ajuda de mangueiras, o polímero é aplicado na pilha de material e cria uma crosta de proteção, reduzindo a dispersão de partículas no ar em 90%.
Essa atividade faz parte de um cronograma de ações para reduzir a emissão de poluentes na cidade e que foi documentado em uma carta e entregue ao prefeito Neto durante uma reunião com o diretor-executivo de Siderurgia da CSN, Alexandre Lyra. Veja a lista completa:
Uso de caminhões com aspersão com aplicação de polímero em pilhas e vias ao redor da sinterização (Isso impede que as partículas se espalhem);
Contratação de uma equipe de rapel industrial para a limpeza nas partes mais altas da usina – como telhados e grandes tubulações – e que hoje estão cobertas com uma grande camada de pó;
Molhação com canhões de névoa de água nas pilhas de matérias-primas, para evitar que a poeira ultrapasse as fronteiras da usina;Intensificação do uso de tratores de varrição, com limpeza da área de carregamento e lavagem da saída de caminhões de escória dos altos fornos durante os turnos;
Manutenção preventivas de equipamentos para otimização e distribuição de fluxo e sistema de limpeza de placa;
Capacitação de funcionários da Usina Presidente Vargas, conscientizando-os sobre a importância da limpeza e organização.
Siga o g1 no Instagram | Receba as notícias no WhatsApp
VÍDEOS: as notícias que foram ao ar na TV Rio Sul

Adicionar aos favoritos o Link permanente.