
Só o prejuízo estimado de um único piscicultor de tilápias no afluente do Rio Tietê em Ubarana (SP) é de R$ 1 milhão. Representante de fundo do governo estadual reforça que o crédito é emergencial. Nelson Benedito Moreira trabalha como piscicultor em Ubarana (SP)
TV TEM/Reprodução
Após a mortandade de peixes nos afluentes do Rio Tietê na região de São José do Rio Preto e Araçatuba, em fenômeno que ficou conhecido como “água verde”, o governo estadual anunciou uma linha de crédito para os piscicultores que tiveram prejuízos. Porém, os valores não agradaram aos mais prejudicados: crédito de R$ 5 mil a R$ 20 mil.
As perdas totais, conforme a Associação Paulista de Piscicultores, chegam a R$ 11 milhões, e só o prejuízo estimado de um único piscicultor de tilápias no afluente do Rio Tietê em Ubarana (SP) é de R$ 1 milhão.
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“Perdemos na faixa de R$ 1 milhão, então R$ 20 mil é muito pouco. Um financiamento com R$ 20 mil eu vou fazer o que? Você não financia nada com R$ 20 mil, para quem teve uma perda de produção que eu tinha, eu teria que ter um financiamento para trabalhar de novo”, afirma o o piscicultor de tilápias Nelson Benedito Moreira .
“O rio está morto, é inviável e impossível”, lamenta Nelson, que cogita a possibilidade de mudar de local como alternativa para seguir trabalhando com as tilápias.
“Uma alternativa que eu tenho é criar tilápia em tanque piscinal, mas aí eu precisaria de um incentivo do governo e uma série de burocracias para isso. Eu não se isso está nos planos, mas se estiver pra mim é bem recebido” conta.
Situação em abril do afluente do Rio Tietê em Ubarana (SP)
TV TEM/Reprodução
O diretor da Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União (Peixe SP), Emerson Esteves, falou sobre a média de gastos de um piscicultor e esclareceu que, com isso, o valor liberado pelo governo é considerado baixo.
“Ela é ineficiente! O piscicultor, por menor que seja, ele produz por volta de 20 toneladas por mês naquela região e com R$ 20 mil não faz nada na piscicultura. Porque uma piscicultura dessa, para se custear mensalmente, precisa de cerca de R$ 120 mil por mês e o ciclo de tilápia é por dura cerca de 6 ou 7 meses, ou seja, a gente precisa de fato que o governo do estado se sensibilize porque para piscicultores essa linha é ineficiente”, explica.
Linha de crédito
Em reunião, realizada em São Paulo (SP) na terça-feira (25), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) falou sobre a liberação de crédito para piscicultores que tiveram prejuízos financeiros e estão impossibilitados de exercer a atividade devido à água contaminada.
Tarcísio de Freitas anuncia medidas para ajudar piscicultores afetados no interior de SP
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A linha será disponibilizada por meio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e vale a partir desta segunda-feira (14). O fundo de crédito emergencial será de R$ 2,5 milhões pelo Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap).
A linha tem juros zero e um teto de R$ 5 mil para pescadores artesanais e R$ 20 mil para aquicultor que teve as produções afetadas pela mortandade.
O secretário da Feap, Daniel Miranda, explicou o porquê o valor de crédito liberado é de R$ 20 mil.
“A gente que o aquicultor ou pescador necessita de um crédito muito maior, mas é aquilo que nós tivemos condição de fazer emergencialmente, por isso, chama crédito emergencial. Emergencialmente, nós tivemos condições de atender esses valores, claro, agora, de uma forma mais organizada, com certeza o governador vai ver essa questão com muito mais carinho, com muito mais atenção e envolver outras áreas do estado para que, também, possa estar contribuindo com recursos financeiros e a gente ampliar esse atendimento,” explica.
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