
Golden retriever Julieta foi adotada por Leandro Sosi, de São José do Rio Preto (SP), em 2012, mas em 2021 ficou paraplégica por causa de uma doença e morreu em 2023. Golden retriever Julieta brincando com neve na fronteira da Suíça com a Itália
A história de companheirismo lembra o best-seller “Marley & Eu”, em que os personagens são o labrador e os tutores John e Jennifer. Mas, nesse caso, os protagonistas são o locutor e músico Leandro Sosi, de 44 anos, e a golden retriever Julieta. Os 11 anos de convivência foram registrados em um livro, lançado em São José do Rio Preto (SP).
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Leandro adotou a cachorrinha que passaria a chamar Julieta, ou “Juju”, em 2012. “Havia acabado de sair de um endividamento sufocante e estava financeiramente estável, solteiro e vivendo um estilo de vida em que um cachorro se encaixaria perfeitamente. Trabalhava em casa o dia inteiro e precisava sair para espairecer” relembra.
Julieta em 2012, quando foi adotada por Leandro
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
A ideia era encontrar um companheiro para as caminhadas e não precisar deixar o cão sozinho em casa. Ao visitar um canil apenas para conhecer os animais, ele surpreendido com a golden que seria sua companheira na próxima década.
“Parecia que ela já estava me esperando. A gente se encontrou, ela sentou na minha frente e ficou olhando para minha cara. Na hora, perguntei a ela: “é você, né?” e ela já ficou em pé, colocando as patas na minha blusa branca, que ficou toda suja. Falei: ‘vamos para casa?'”, recorda-se.
Depois desse dia, o locutor nunca mais morou sozinho e criou uma grande conexão com o animal.
Golden retriever Julieta aproveitando a viagem pela Europa com os donos
‘Cãopanheira’ de viagens
Leandro conta que, em 2019, recebeu a oportunidade de fazer um teste na Europa. Como não conseguia se imaginar longe da cachorrinha durante 40 dias, precisou correr atrás da documentação necessária para a Julieta poder acompanhá-lo.
Julieta durante a viagem de motorhome na Europa
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
O locutor não passou no teste, mas a ideia da viagem ficou na sua cabeça, e recebeu a aprovação e o apoio da namorada, Michele – atualmente sua esposa. “Decidimos fazer uma viagem de 30 dias de motorhome. Deu um trabalho insano, foi mega complicado tirar a documentação e pensar em toda a logística, mas valeu muito a pena”, lembra o locutor.
Julieta no motorhome durante a viagem na Europa
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
O trio começou a viagem em Portugal e passou por cidades da Espanha, Suíça, França e Itália, como Sevilha, Barcelona, Montpellier, Berna (onde morou Albert Einstein) e Lucerna. No retorno a Portugal, passando por Turim e San Remo, algo especial aconteceu: “Em San Remo foi onde eu pedi a Michele em casamento, com uma aliança improvisada e feita com um galho”.
“Foram 7.200 quilômetros de muitos ‘perrengues’, mas sempre gosto de lembrar da felicidade que foi quando a Julieta conheceu a neve, na fronteira da Suíça com a Itália, nunca mais eu vi ela tão feliz daquele jeito. Ela parecia estar em êxtase, como se estivesse encontrado o sentido da vida”, conta.
Julieta e seu primeiro contato com a neve durante a viagem pela Europa
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
Paraplegia e a ‘cura’ para um futuro pai
Conforme Leandro, Julieta despertou nele um processo de cura muito específico: do medo de ser pai. “Foi esse motivo em específico que fez com que eu escrevesse o livro ‘A História da cachorra que mudou a minha vida e vai mudar a sua também'”, afirma.
Michele, Julieta e Leandro prontos para receber a Lara
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
Em 2021, Julieta ficou paraplégica devido a mielopatia, uma doença neurológica degenerativa. O tutor não mediu esforços para os tratamentos.
“Foi uma loucura e pesado, muito pesado, em todos os sentidos. Tivemos que aprender a tirar o xixi dela manualmente de três a quatro vezes por dia, compramos uma cadeirinha de rodas para ela e ela fazia diversos tratamentos como fisioterapia, natação, ozonioterapia, suplementação, laser, acupuntura. Enfim, todo tipo de tratamento que você possa imaginar” conta.
Julieta precisou usar uma cadeira de rodas após a paraplegia causada pela doença em 2021
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
Durante esse período, Leandro se tornou pai e sua filha, Lara, conviveu com Julieta por três meses antes da cadela morrer.
“Elas conviveram pouco tempo juntos. A Lara era apenas um pacotinho que mamava, chorava e dormia, e a Julieta uma idosinha de 11 anos que já estava paraplégica há dois anos, muito atrofiada e debilitada. Não queríamos presenciar esse sofrimento e tivemos que optar pela eutanásia. De longe, foi a decisão mais difícil que tomei na vida”, afirma.
Michele e Leandro não mediram esforços para o tratamento da cachorra Julieta
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
Julieta também marcou a vida de Michele Thaysa, de 36 anos product manager e esposa de Leandro. segundo ela, a paraplegia foi o momento mais marcante e intenso da relação entre elas – e o que gerou mais movimento.
“Seja em longas caminhadas que fazíamos, viagens, aprendizados ou conexões com pessoas que apareceram no caminho por conta dela, eu não teria feito nada de diferente. Sei que vivemos tudo o que tivemos que viver e sou muito grata pela passagem dela na minha vida”, resume.
Primeiro contato da Julieta com a Lara recém-nascida
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
Leandro ressalta que, apesar do pouco tempo em que conviveram juntas, Juju conseguiu marcar a vida da filha do casal.
“Eu não tenho dúvida, hoje a Lara tem dois anos e sempre que ela vê um golden retriever na rua ela aponta e diz: ‘Juju’, além de amar cachorros. O desenho preferido dela é Bluey, a mochila dela ir pra escola tem um cachorro estampado e as pelúcias preferidas que ela tem são três ou quatro cachorros de pelúcia que sempre estão com ela”, revela.
Julieta caminhando próximo a um lago
Leandro Sosi/Arquivo pessoal
* Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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