

O super antibiótico foi descoberto em um jardim – Foto: Clouds Hill Imaging Ltd/Science Photo Library/ND
Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e da farmacêutica suíça Hoffmann-La Roche anunciaram um avanço importante no combate às infecções hospitalares. Eles desenvolveram um novo super antibiótico, chamado Zosurabalpin, que demonstrou ser eficaz contra a Acinetobacter baumannii, uma bactéria altamente resistente que causa infecções graves no pulmão, no trato urinário e no sangue.
Essa bactéria, também conhecida pela sigla Crab (“Acinetobacter baumannii resistente à Carbapenema”), é uma das mais difíceis de matar, pois é resistente a uma classe de antibióticos chamada Carbapenema.
Em um estudo publicado no jornal científico Nature, os cientistas afirmaram que a molécula que originou o super antibiótico foi encontrada em amostras de solo coletadas do jardim de um técnico de laboratório.
A descoberta mostra que “há coisas terrivelmente interessantes escondidas à vista de todos”, disse Kim Lewis à Nature, microbiologista da Northeastern University em Boston, Massachusetts.

Bactéria Crab é uma das mais difíceis de matar – Foto: Reprodução/ND
A importância do novo super antibiótico
A Acinetobacter baumannii é uma grande preocupação para a saúde pública, especialmente em hospitais e clínicas. Pacientes que usam cateteres, ventiladores ou que passaram por cirurgias são os mais vulneráveis.
De acordo com dados dos CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, somente em 2017, essa bactéria causou cerca de 8,5 mil infecções hospitalares no país, resultando em 700 mortes.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) já havia classificado a Crab como um patógeno de prioridade 1, ao lado de outras bactérias perigosas, como a Pseudomonas aeruginosa e a Enterobacteriaceae.

Super antibiótico pode abrir caminho para novas pesquisas e tratamentos no futuro – Foto: Canva/ND
Estima-se que essa infecção seja responsável por 20% dos casos registrados em UTIs ao redor do mundo, sendo mais comum na Ásia e no Oriente Médio.
Segundo o estudo, a dificuldade de tratar essa bactéria se deve à sua estrutura resistente. Assim como outras bactérias Gram-negativas, ela possui uma camada externa de lipopolissacarídeo (LPS), que a protege contra ataques do sistema imunológico e da maioria dos antibióticos.
Segundo Michael Lobritz, chefe global de doenças infecciosas da Roche, essa característica permite que a bactéria sobreviva em condições adversas e dificulta a ação dos tratamentos convencionais.
Esse avanço é ainda mais significativo porque a FDA (agência reguladora dos EUA) não aprovava uma nova classe de antibióticos eficaz contra a Crab há mais de 50 anos.
Embora o Zosurabalpin não seja uma solução definitiva para infecções resistentes, os cientistas acreditam que ele abre caminho para novas pesquisas e tratamentos no futuro.