Microrganismos podem ser aliados no combate à crise climática

Fazendeiro na Índia pulveriza campo de arroz com uma solução de fungos Naveen Sharma/SOPA Images/LightRocket via Getty

Os microrganismos desempenham um papel essencial e podem contribuir significativamente para enfrentar as mudanças climáticas.

No entanto, seu uso ainda é subaproveitado em políticas ambientais globais. 

Um grupo de cientistas, reunido pela União Internacional de Sociedades Microbiológicas e pela Sociedade Americana de Microbiologia, avaliou soluções sustentáveis baseadas em microrganismos e destacou sua viabilidade para reduzir emissões de gases de efeito estufa, poluição e perda de biodiversidade.

Apesar do potencial, essas abordagens ainda recebem pouca atenção em conferências como a COP.

Microrganismos são fundamentais para processos como a produção de oxigênio e o sequestro de carbono. Na indústria, seu uso pode reduzir a dependência de combustíveis fósseis e minimizar impactos ambientais.

Empresas já utilizam bactérias e fungos para produzir biocombustíveis, bioplásticos e fertilizantes de forma mais eficiente e sustentável.

A LanzaTech, por exemplo, converte gases industriais em etanol para combustível de aviação. A Carbios, na França, desenvolveu uma enzima bacteriana capaz de decompor plásticos comuns.

Já a Floating Island International criou ilhas artificiais para remover metano de reservatórios aquáticos, reduzindo sua emissão na atmosfera.

Microrganismos também podem tornar a agricultura mais sustentável, substituindo fertilizantes sintéticos que geram altas emissões de carbono. Bactérias fixadoras de nitrogênio podem fornecer nutrientes para as plantas sem a necessidade de processos industriais poluentes.

Com a crescente demanda por soluções ecológicas, o mercado de biofertilizantes pode crescer de US$ 1,59 bilhão em 2025 para US$ 4,71 bilhões em 2034. A adoção desses produtos pode reduzir significativamente o impacto ambiental da produção de alimentos.

Desafios e regulamentação

Apesar das vantagens, o uso ampliado de microrganismos requer medidas de biossegurança para evitar impactos ambientais indesejados. O desenvolvimento de bactérias que sobrevivam apenas em condições específicas e testes rigorosos antes de sua liberação são algumas das soluções sugeridas.

A aceitação dessas tecnologias também depende de incentivos econômicos. Projeções indicam que o mercado de combustíveis de aviação sustentáveis crescerá de US$ 0,9 bilhão em 2024 para US$ 64,1 bilhões até 2034, enquanto o de biogás de aterro também deve expandir consideravelmente.

Embora essas tecnologias não sejam uma solução única para os desafios ambientais, podem desempenhar um papel crucial na transição para uma economia mais sustentável. Com investimentos adequados, especialistas acreditam que biocombustíveis e biofertilizantes podem se tornar altamente competitivos com opções tradicionais até 2050.

Diante do agravamento da crise climática, cientistas defendem que governos, empresas e instituições devem priorizar o desenvolvimento dessas soluções para garantir um futuro mais equilibrado para o planeta.

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