
Ex-funcionária diz que Danilo Sérgio Carvalho Sousa, de 50 anos, cumprimentava ‘de uma forma muito estranha’. Dentista foi preso na segunda-feira (24); g1 não localizou defesa do suspeito. Capturas de tela mostram relato de vítima de dentista suspeito de estuprar pacientes e funcionárias no DF
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Uma das vítimas do dentista preso na segunda-feira (24), suspeito de estuprar pacientes e funcionárias em uma clínica de Brasília, relatou o que sofreu para uma colega de trabalho logo após ser assediada (veja foto acima). Danilo Sérgio Carvalho Sousa, de 50 anos, atendia em uma clínica em um shopping, no centro da capital federal.
“Eu acho que o doutor queria me beijar. Nunca me senti tão assediada e constrangida”, disse a vítima à colega.
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A TV Globo apurou que o relato é de uma ex-funcionária do dentista, mas não é possível identificar a data dos relatos. O g1 não localizou a defesa de Sousa até a última atualização desta reportagem.
Na troca de mensagens, a colega perguntou o que aconteceu, e a vítima respondeu: “Ele ficou muito estranho. Tem uns dias que ele vem me cumprimentando de uma forma muito estranha. Ele passa a mão na bunda.”
“Saindo da copa, ele pediu um abraço e ficou me segurando. Aí, colocou a mão no meu cabelo e foi virando o rosto. Eu peguei e desviei e saí. Ele me deu R$ 50”, contou a vítima.
A colega questionou sobre os R$ 50.
– “Pelo seu silêncio?”
– “Dizendo ele que foi por ter ficado mais tempo. Mas, acredito que sim [em referência ao silêncio].”
Ainda conforme apurado pela TV Globo, uma outra vítima, paciente do dentista, disse ter sentido tontura e fraqueza após tomar um medicamento dado pelo suspeito. Depois, ele pediu que ela se despisse e apalpou o seu corpo. Uma outra mulher contou que foi estuprada e teve suas partes íntimas fotografadas pelo dentista.
Os crimes são investigado pela 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte. De acordo com a Polícia Civil, Danilo Sérgio Carvalho Sousa tem um histórico de “condutas reiteradas de assédio e violência sexual, aproveitando-se de sua posição de superioridade hierárquica sobre funcionárias e da vulnerabilidade de suas pacientes” (veja detalhes abaixo).
Outros casos
Dentista suspeito de estupro contra pacientes e funcionárias é preso no DF.
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O consultório foi alvo de busca e apreensão, assim como a casa do suspeito, na Asa Norte. Os casos foram denunciados pelas vítimas.
Uma delas contou à polícia que em outubro do ano passado, ao final da consulta, o dentista desferiu dois tapas em seu glúteo, sem consentimento. Em dezembro, durante nova consulta, ele tentou beijá-la à força, a segurou pelo pescoço e apertou novamente suas nádegas.
“Nunca era na primeira consulta. Ele sempre marcava um retorno. Ele ia escolhendo entre as pacientes com quais ele ia agir. Acredito que possa ter uma vítima que sofreu isso e não procurou a polícia porque foi coagida ou recebeu dinheiro. A gente faz esse apelo de que ela procure para poder reforçar nossa investigação”, diz o delegado Rafael Catunda, da 5ª DP.
Em outro caso, o dentista devolveu o dinheiro de tratamento odontológico pago por uma cliente, após a mãe dela questionar as atitudes. À polícia, a mulher contou que o dentista deu um tapa nas nádegas da filha dela após a consulta.
Durante busca e apreensão, a Polícia Civil encontrou no computador de Danilo Sérgio um documento de acordo extrajudicial que ele pagou a uma paciente também abusada para não levar o caso à polícia.
‘Histórico de abusos sexuais’
De acordo com as investigações, o dentista tem um histórico de “abusos sexuais reiterados”, demonstrando uma forma de agir recorrente e “um padrão de conduta delitiva que se estende por mais de duas décadas”. A primeira denúncia foi feita por uma paciente em 2003.
“Os casos registrados demonstram que o investigado se vale de sua posição profissional e de superioridade hierárquica para criar situações que facilitam suas investidas”, diz a Polícia Civil.
Segundo a polícia, Danilo Sérgio tem uma condenação por estupro, registrada em 2013, além de dois indiciamentos pelo mesmo crime, em 2015 e 2003 — eles não foram adiante por falta de prova.
No ano passado, ele foi denunciado por violência doméstica e perseguição. A vítima contou que sofreu violência física e psicológica. Ela disse ainda que o dentista colocou um rastreador em seu carro sem permissão.
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