Nasa e SpaceX lançam missão que viabilizará retorno de astronautas ‘presos no espaço’


Crew-10 decolou levando uma nova tripulação à ISS, o que permitirá uma troca de equipe na estação. Com isso, Suni Williams e Butch Wilmore poderão voltar à Terra a bordo da cápsula Dragon Freedom na próxima quarta (19). O foguete Falcon 9 da SpaceX é lançado do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida, EUA, nesta quinta-feira (14).
REUTERS/Joe Skipper
Depois de um atraso por causa de um problema hidráulico, a Nasa, a agência espacial norte-americana, e a SpaceX lançaram na noite desta sexta-feira (14) a missão Crew-10 rumo à Estação Espacial Internacional (ISS).
Transportando quatro astronautas, a cápsula Dragon Endurance, decolou às 20h03 (horário de Brasília) a bordo do foguete Falcon 9, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. A tripulação agora percorre um trajeto de aproximadamente 24 horas até a estação.
A missão é liderada pela astronauta norte-americana Anne McClain e conta com Nichole Ayers como piloto, além do japonês Takuya Onishi e do cosmonauta russo Kirill Peskov como especialistas. Eles substituirão a equipe da Crew-9, que está na ISS desde setembro.
Além da troca regular de tripulação, a Crew-10 também viabilizará o retorno de Suni Williams e Butch Wilmore, que estão “presos” na estação desde junho de 2024.
A dupla deveria ter permanecido apenas dez dias por lá, quando chegou a bordo da cápsula Starliner da Boeing, mas problemas técnicos na cápsula obrigaram a Nasa a trazê-la de volta vazia, deixando os astronautas sem transporte para casa.
Agora, com o acoplamento da Endurance, previsto para a noite de sábado (15), Williams e Wilmore poderão finalmente embarcar na cápsula Dragon Freedom para retornar à Terra na próxima quarta-feira (19).
O veículo espacial está acoplado à ISS desde o final de setembro, quando chegou com a missão Crew-9, que decolou com dois assentos vazios reservados especificamente para o retorno dos dois astronautas.
A Freedom será o veículo que efetivamente trará de volta os quatro membros da Crew-9, incluindo os astronautas da Starliner, aproximadamente uma semana após a chegada da Crew-10.
Este período de sobreposição é padrão nas operações da estação espacial, garantindo uma transição suave das responsabilidades entre as equipes.
Inicialmente, a SpaceX planejava construir uma nova cápsula Dragon para a missão Crew-10, com lançamento previsto para fevereiro.
Contudo, atrasos na fabricação, possivelmente combinados com pressão política – evidenciada em publicações do presidente Donald Trump e do CEO da SpaceX, Elon Musk, sobre os astronautas “presos” no espaço – levaram a Nasa a reatribuir a missão para uma Dragon que pudesse estar pronta para voar mais cedo.
Os astronautas da Crew-10 caminham até a plataforma de lançamento 39-A, no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, antes do voo para a Estação Espacial Internacional nesta quinta-feira (14).
REUTERS/Steve Nesius
A saga da dupla
Os astronautas deveriam ter retornado em junho de 2024 na cápsula Starliner da Boeing, após uma missão de demonstração prevista para uma semana.
Contudo, devido a dificuldades para acoplar à lSS, a Nasa decidiu retornar a cápsula vazia e reposicionar os astronautas para uma missão com a SpaceX neste ano.
Butch Wilmore e Suni Williams, astronautas da Nasa que estão ‘presos no espaço”.
Nasa
Mas a SpaceX também enfrentou atrasos. O lançamento da nova cápsula que viabilizaria o retorno de Butch e Suni, preparada para substituir a anterior, teve que ser adiado devido a ajustes técnicos, o que prolongou ainda mais a missão dos dois.
Com isso, devido a esses atrasos na produção da cápsula da SpaceX, a equipe de gerenciamento da missão decidiu usar uma cápsula Dragon Endurance, utilizada previamente em diversas missões à ISS.
Assim, o lançamento, inicialmente previsto para 25 de março, foi antecipado para 12 de março e depois adiado para esta sexta-feira (14).
A Crew-9 está programada para retornar à Terra na quarta-feira, 19 de março de 2025. No entanto, a data ainda pode sofrer ajustes.
Histórico do problema
Butch Wilmore e Suni Williams decolaram no início de junho de 2024 a bordo da Starliner e, desde então, estão na ISS.
A cápsula deveria trazê-los de volta à Terra oito dias depois, mas problemas detectados em seu sistema de propulsão levaram a Nasa a questionar sua confiabilidade.
A principal preocupação era que a Starliner não conseguisse alcançar o impulso necessário para sair da órbita e iniciar sua descida à Terra.
Com isso, uma missão regular da SpaceX, chamada Crew-9, decolaria no final de setembro, mas com apenas dois astronautas a bordo, em vez de quatro.
A cápsula Starliner da Boeing é vista acoplando à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Nasa
Ela permaneceria acoplada à ISS até o seu retorno planejado à Terra em fevereiro. Portanto, traria de volta os dois astronautas que viajaram Boeing, além dos dois tripulantes da Crew-9.
Contudo, em setembro, a Nasa optou pelo retorno da Starliner sem tripulação para a Terra.
Assim, a decisão da volta pela SpaceX foi tomada pela Nasa e discutida com a Boeing.
A escolha da Nasa pela SpaceX para trazer os astronautas de volta é uma das mais importantes nos últimos anos.
Há dez anos, a Nasa encomendou uma nova cápsula à Boeing e outra à SpaceX para transportar seus astronautas até à ISS. Com dois veículos disponíveis, haveria uma solução viável em caso de problemas em um deles, mas a empresa do magnata Elon Musk prevaleceu sobre a Boeing.
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