
Substância é encontrada nos óleos naturais dos grãos de café e interfere no processo de regulação hepática. Molécula é muito presente em cafés não filtrados. Forma de preparo do café pode tornar bebida prejudicial para quem tem colesterol alto.
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Café expresso ou coado? Apesar de parecer uma pergunta simples, que envolve puramente o gosto pessoal, para quem tem colesterol alto, é uma questão diretamente relacionada à saúde.
“Quando a gente filtra o café, essa sustância é retirada no método de filtragem, o que não acontece nos cafés do tipo francês, italiano, turco, nos quais a substância pode estar presente”, explica Celso Cuckier, nutrólogo do Hospital Albert Einstein.
Abaixo, nesta reportagem, você entende melhor o que é o cafestol, os efeitos dessa substância na saúde e quem deve optar sempre pelo café filtrado.
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Café e cafestol
O cafestol é uma molécula lipossolúvel (que se dissolve em gordura) pertencente ao grupo dos diterpenos, assim como o kahweol.
Esses compostos orgânicos são encontrados nos óleos naturais dos grãos de café e estão presentes em maiores quantidades em formas de preparo que não utilizam filtragem.
De acordo com a nutricionista e doutora em Ciência da Saúde pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Maiara Soares, preparações de café instantâneo e filtrado contêm quantidades insignificantes de cafestol – situação diferente do que é observado em preparos não filtrados.
“O café turco, por exemplo, pode conter aproximadamente 5,3 miligramas de cafestol por xícara. Já o café expresso, possui uma quantidade intermediária, cerca de 1 miligrama por xícara”, compara.
O preparo do café turco (como acontece no método escandinavo e grego) envolve ferver o pó de café em água sem o uso de qualquer tipo de filtro, o que aumenta a concentração de cafestol na bebida.
A nutricionista explica que o filtro, seja de papel ou de pano, consegue reter as moléculas de cafestol. Com isso, a ingestão dessa substância é consideravelmente reduzida.
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Cafestol e colesterol
O grande problema da presença do cafestol no café é a sua influência no colesterol.
A substância afeta os níveis de colesterol ao interferir no processo de regulação hepática. De acordo com Maiara, o cafestol atual principalmente inibindo a ação dos receptores de colesterol no fígado, que ajudam a controlar o nível de colesterol no sangue.
“É um efeito dose-dependente, ou seja, quanto maior o consumo de cafestol, maior o impacto sobre os níveis de colesterol”, analisa.
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Considerando o efeito do cafestol sobre o organismo, Celso Cuckier alerta que pessoas que não tem controle adequado do colesterol ou têm histórico de colesterol alto devem evitar os cafés não filtrados.
“Em quadros em que o colesterol já é elevado, sem controle, onde a recomendação é de evitar inclusive alimentos que elevem o colesterol, o café deve ser apenas filtrado”, recomenda.
Fim do cafezinho?
Apesar do efeito prejudicial que o cafestol pode ter para o colesterol, os especialistas tranquilizam que não é preciso parar de tomar café só por causa da presença dessa substância na bebida.
Segundo Maiara Soares, o próprio cafestol, quando consumido com moderação, possui efeitos positivos para a saúde.
“Alguns estudos experimentais indicam que a substância poderia oferecer benefícios como propriedades anti-inflamatórias, neuroprotetoras e antioxidantes”, comenta.
A nutricionista explica que, para ser prejudicial para a saúde nesses casos, seria necessário um consumo regular de 6 a 10 xícaras de café não filtrado por dia.
“Para ter uma alteração significativa no colesterol, a pessoa teria que fazer uma ingestão de café muito alta, mais que 1 litro por dia”, analisa Soares.
Mas, de forma geral, apenas pessoas com altos níveis de colesterol devem se preocupar com qual café tomar. E nesses casos, a opção recomendada é sempre o café filtrado.
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