
O maior iceberg do mundo, conhecido como A23a, encalhou em águas rasas de uma ilha remota da Geórgia do Sul, que pertence ao Reino Unido e é lar de milhões de pinguins e focas, de acordo com o jornal britânico BBC. O enorme pedaço de gelo tem uma área pouco maior que duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Pesquisadores da Antártida, de onde o iceberg se “descolou” em 2022, acompanham sua trajetória por satélites desde dezembro de 2024, quando ele finalmente se libertou após ficar “preso” em um vórtice oceânico.
Os cientistas afirmaram que o iceberg parece estar encalhado, e deve começar a se desintegrar na costa sudoeste da ilha. Os pescadores temem ser obrigados a enfrentar grandes pedaços de gelo, o que poderia afetar alguns pinguins-macaroni que se alimentam na área, apurou a BBC.
“Explosão de vida”

Ainda segundo a BBC, os pesquisadores afirmam que há enormes quantidades de nutrientes retidos dentro do gelo e que, quando ele derreter, pode gerar uma explosão de vida no oceano. “É como lançar uma bomba de nutrientes no meio de um deserto vazio”, diz a Nadine Johnston, do British Antarctic Survey (BAS).
O ecologista Mark Belchier, que assessora o governo da Geórgia do Sul, comentou que “se ele se fragmentar, os icebergs resultantes provavelmente vão representar uma ameaça para as embarcações, à medida que se deslocam nas correntes locais, e podem restringir o acesso das embarcações às áreas de pesca locais.”
Iceberg de 40 anos
O encalhe é o mais recente capítulo de uma história de quase 40 anos, que começou quando o enorme iceberg se desprendeu da plataforma de gelo Filchner-Ronne, em 1986.
No sábado (1º), o bloco de gelo de 300 metros de altura atingiu a plataforma continental rasa, a cerca de 80 quilômetros da costa. “Provavelmente vai ficar mais ou menos onde está, até que pedaços se desprendam”, avalia Andrew Meijers, do British Antarctic Survey.
O iceberg está mostrando sinais avançados de deterioração. Com 3.900 km² de tamanho inicial, ele vem diminuindo sua área constantemente, perdendo grandes quantidades de água à medida que se desloca para regiões mais quentes. Atualmente, estima-se que tenha 3.234 km², segundo a BBC.
Novas descobertas
Atualmente, os cientistas que trabalham na Antártida também estão descobrindo as incríveis contribuições dos icebergs para a vida nos oceanos. Pesquisadores do Sir David Attenborough estão coletando evidências do que se acredita ser um enorme fluxo de nutrientes do gelo da Antártida ao redor do planeta.
Partículas e nutrientes do mundo todo ficam retidos no gelo, que é então lentamente liberado no oceano, explicam os cientistas. “Sem o gelo, não teríamos esses ecossistemas. Eles são alguns dos mais produtivos do mundo, e sustentam um grande número de espécies e animais individuais, além de alimentar os maiores animais do mundo, como a baleia azul”, diz um pesquisador.
O ciclo de vida dos icebergs é um processo natural, mas a expectativa é de que as mudanças climáticas criem mais icebergs à medida que a Antártida esquenta e se torna mais instável.