
Alberto Pizzoli
O papa Francisco acordou “estável” nesta terça-feira(4), horas depois de sofrer sua última recaída, e conseguiu trocar a máscara que o ajuda a respirar por uma cânula nasal, 19 dias após a hospitalização do jesuíta argentino de 88 anos.
Depois de dormir “a noite toda”, as primeiras informações oficiais indicaram que o pontífice “se levantou e continuou seu tratamento” e que pela manhã trocou a máscara que lhe fornece oxigênio por uma cânula nasal mais leve e de alto fluxo.
“Esta manhã a situação pode ser considerada estável, mas com um quadro [clínico] complexo”, disse uma fonte do Vaticano, acrescentando que o papa, cujo prognóstico é “reservado”, “não está fora de perigo”.
O líder espiritual dos 1,4 bilhão de católicos do mundo foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, em 14 de fevereiro, sofrendo de bronquite, que evoluiu para uma pneumonia dupla. Sua condição tem passado por altos e baixos, disparando todos os alarmes.
“Aos 88 anos, passar 15 dias no hospital e ter episódios repetidos de desconforto respiratório é um péssimo sinal”, disse Bruno Crestani, diretor do departamento de pneumologia do Hospital Bichat, em Paris.
Para Hervé Pegliasco, diretor de pneumologia do Hospital Europeu de Marselha, no sudeste da França, isso causa “um fenômeno de exaustão porque tem que fazer um esforço maior para respirar”.
O papa deve “descansar” nesta terça-feira, segundo a fonte do Vaticano.
A última recaída ocorreu na segunda-feira. Após dois dias em condição “estável”, ele sofreu “dois episódios de insuficiência respiratória aguda”, segundo o último boletim médico divulgado pelo Vaticano à noite.
A crise foi causada por um “acúmulo significativo” de muco nos brônquios, que os médicos aspiraram com duas “broncoscopias”, segundo os detalhes divulgados.
O “Santo Padre” dos católicos também sofreu um novo broncoespasmo – uma contração dos músculos que revestem os brônquios – causando dificuldades respiratórias.
Um broncoespasmo também causou a segunda crise três dias antes, mas desta vez junto com “um episódio de vômito com inalação”.
No entanto, sua crise respiratória mais grave ocorreu em 22 de fevereiro, quando ele também precisou de uma transfusão de sangue.
– Prognóstico “reservado” –
Esta hospitalização, a quarta e mais longa desde 2021, gera preocupação pelos problemas anteriores que debilitaram a saúde de Francisco nos últimos anos: operações no cólon e abdome, e dificuldades para caminhar.
Além disso, a situação traz questionamentos sobre sua capacidade para desempenhar suas funções, especialmente quando o direito canônico não prevê nenhuma disposição em caso de um problema grave que possa afetar sua lucidez.
O pontífice, que recentemente descartou a ideia de renunciar, não fez nenhuma aparição pública desde a sua entrada no hospital. Também não foram publicadas fotos suas durante a internação, como em outras ocasiões.
No domingo, esteve ausente do tradicional Angelus pela terceira semana consecutiva, embora tenha agradecido aos fiéis pelas orações em uma mensagem escrita, e não comparecerá às celebrações da Quarta-feira de Cinzas, em 5 de março.
Sua ausência nesta cerimônia, que marca o início do período de jejum da Quaresma, e suas repetidas recaídas levantam dúvidas sobre como estará na Semana Santa e na Páscoa, um dos momentos mais importantes para os católicos.
Enquanto aguardam sua primeira aparição pública, os fiéis continuam sua peregrinação até os portões do hospital, onde, aos pés da estátua de João Paulo II, rezam e acendem velas pela saúde de Francisco.
“Esperamos que ele melhore logo”, disse à AFP na segunda-feira Antonio Migliavaca, um vendedor italiano. “Ele é um idoso que está dando muito à Igreja. Esperamos que melhore o mais rápido possível”, acrescentou.