
A primeira fase do cessar-fogo acordado entre as duas partes expirou no sábado. Agências humanitárias confirmaram que nenhum caminhão de ajuda foi autorizado a entrar em Gaza na manhã deste domingo.
Palestinos em Gaza sofrem para reconstruir as suas vidas diante do frágil cessar-fogo.
EPA
Israel bloqueou a entrada de qualquer ajuda humanitária na Faixa de Gaza, exigindo que o Hamas concorde com um plano dos EUA para uma extensão do cessar-fogo.
A primeira fase do cessar-fogo acordado entre as duas partes expirou no sábado (1/3). O gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que o Hamas até agora se recusou a aceitar uma extensão temporária proposta pelo enviado de Donald Trump, Steve Witkoff.
Um porta-voz do Hamas disse que bloquear suprimentos para Gaza era “chantagem barata” e um “golpe” no acordo de cessar-fogo. O grupo pediu que os mediadores interviessem no caso.
O Hamas quer que a fase dois do acordo prossiga conforme negociado originalmente, com a libertação de reféns e prisioneiros palestinos e a retirada das forças israelenses de Gaza.
O grupo palestino disse anteriormente que não concordaria com nenhuma extensão da fase um sem garantias dos mediadores dos EUA, do Catar e do Egito de que a fase dois eventualmente ocorreria.
“Com o fim da Fase 1 do acordo de reféns, e à luz da recusa do Hamas em aceitar o esboço de Witkoff para continuar as negociações – com o qual Israel concordou – o primeiro-ministro Netanyahu decidiu que, a partir desta manhã, toda a entrada de bens e suprimentos na Faixa de Gaza cessará”, diz a declaração do gabinete de Netanyahu sobre o tema.
“Israel não permitirá um cessar-fogo sem a libertação de nossos reféns. Se o Hamas continuar sua recusa, haverá mais consequências.”
Já o porta-voz do Hamas disse que “a decisão de Netanyahu de interromper a ajuda para Gaza mostra mais uma vez a face feia da ocupação israelense.”
“A comunidade internacional deve pressionar o governo israelense para parar de matar nosso povo de fome.”
Leia também
Israel interrompe entrada de ajuda humanitária em Gaza para pressionar Hamas a aceitar extensão de cessar-fogo
Imagens mostram palestinos celebrando Ramadã em meio aos escombros em Gaza
Na noite de sábado, o gabinete de Netanyahu disse que Israel concordou com uma proposta dos EUA para que o cessar-fogo continuasse por cerca de seis semanas durante os períodos do Ramadã muçulmano e da Páscoa judaica.
Se, no final deste período, as negociações chegassem a um beco sem saída, Israel se reservaria o direito de voltar à guerra.
A proposta de Witkoff, enviado dos EUA, não foi aberta ao público. De acordo com Israel, ela começaria com a libertação de metade de todos os reféns vivos e mortos restantes.
Witkoff propôs a extensão de seis semanas após se convencer de que mais tempo era necessário para tentar superar as diferenças entre Israel e o Hamas sobre as condições para o fim da guerra, de acordo com a declaração anterior do gabinete de Netanyahu.
Israel iniciaria imediatamente as negociações sobre isso se o Hamas mudasse sua posição sobre a extensão de seis semanas do cessar-fogo, disse o gabinete de Netanyahu.
Agências humanitárias confirmaram que nenhum caminhão de ajuda foi autorizado a entrar em Gaza na manhã deste domingo.
“A assistência humanitária precisa continuar a fluir para Gaza. É muito essencial. E estamos convocando todas as partes para garantir que cheguem a uma solução”, disse Antoine Renard do Programa Mundial de Alimentos (PMA) à BBC.
Milhares de caminhões têm entrado na Faixa de Gaza a cada semana desde que o cessar-fogo foi acordado em meados de janeiro. As agências humanitárias conseguiram armazenar suprimentos, o que significa que não há perigo imediato para a população civil com a decisão israelense desta manhã.
Também neste domingo, médicos disseram que quatro pessoas foram mortas em ataques israelenses em Gaza. O exército israelense disse que atacou pessoas que estavam plantando um dispositivo explosivo no norte do território.
A primeira fase do cessar-fogo que entrou em vigor em 19 de janeiro expirou neste sábado.
Caminhões transportando equipamento pesado de construção enviados do Egito para Gaza aguardam no lado egípcio da fronteira.
Getty Images
O acordo interrompeu 15 meses de combates entre o Hamas e os militares israelenses, permitindo a libertação de 33 reféns israelenses e cinco tailandeses em troca de cerca de 1.900 prisioneiros palestinos.
Mas as negociações sobre a fase dois, incluindo a libertação de todos os reféns vivos restantes e a retirada das tropas israelenses de Gaza, mal começaram.
Acredita-se que haja 24 reféns vivos, com outros 39 presumivelmente mortos.
O Hamas realizou um ataque sem precedentes a Israel em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo outros 251 reféns.
Israel respondeu com uma campanha aérea e terrestre na Faixa de Gaza, durante a qual pelo menos 48.365 pessoas foram mortas, de acordo com o Ministério da Saúde do território, administrado pelo Hamas.