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Daniel MIHAILESCU
Andrew Tate, um influenciador de direita acusado de estupro e tráfico de pessoas na Romênia, chegou aos Estados Unidos nesta quinta-feira (27), em sua primeira saída desse país do leste europeu desde sua prisão em 2022.
Tate, um ex-kickboxer de 38 anos, e seu irmão Tristan, de 36, viajaram juntos para a Flórida (sudeste) em um jato particular, informou seu advogado, Ioan Gilga, à CNN. No entanto, a recepção foi fria, pois, pouco antes de aterrissarem, as autoridades desse estado declararam que não eram bem-vindos.
Em coletiva de imprensa, o governador da Flórida, Ron DeSantis, afirmou que seu estado “não é um lugar onde esse tipo de conduta seja aceita”.
Os irmãos são acusados pela Justiça romena de criar, junto com duas mulheres, uma organização criminosa com ramificações na Romênia e no Reino Unido no início de 2021 e de explorar sexualmente várias vítimas.
O governo romeno destacou que os Tate, que possuem nacionalidade britânica e americana, estavam sob supervisão judicial na Romênia e devem retornar ao tribunal em 24 de março. Ressaltaram que, se não comparecerem, poderá ser decretada a “prisão preventiva”.
Quatro mulheres britânicas, que apresentaram uma ação civil no Reino Unido contra Andrew Tate, acusando-o de estupro e controle coercitivo entre 2013 e 2016, expressaram na semana passada preocupação de que o governo dos Estados Unidos possa pressionar as autoridades romenas para aliviar as restrições de viagem dos Tate e permitir que escapem do processo judicial.
O ministro das Relações Exteriores da Romênia, Emil Hurezeanu, afirmou que Richard Grenell, enviado especial do presidente americano, Donald Trump, mencionou o caso na Conferência de Segurança de Munique, no início de fevereiro.
No entanto, o ministro da Justiça, Radu Marinescu, declarou à AFP nesta quinta-feira que “não recebeu nenhum tipo de solicitação das autoridades americanas”.
Questionado por jornalistas sobre possíveis intervenções, um funcionário de Donald Trump afirmou que “não tem informações neste momento sobre nada relacionado aos irmãos Tate”.
No entanto, em uma declaração conjunta nesta quinta-feira, as quatro vítimas britânicas afirmaram que “se sentem novamente traumatizadas com a notícia de que as autoridades romenas cederam à pressão da administração Trump para permitir que Andrew Tate viajasse”.
Um tribunal romeno já autorizou um pedido britânico para extraditar os irmãos Tate, mas somente após a conclusão dos procedimentos legais na Romênia.
Andrew Tate foi banido das redes sociais Instagram e TikTok por suas publicações, mas mais de 10 milhões de pessoas seguem seus conteúdos homofóbicos e racistas no X. No ano passado, os Tate foram condenados em um caso de fraude fiscal no Reino Unido.