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O número de acidentes aéreos no início de 2025 está chamando a atenção do público em geral.
Segundo o Cenipa, são 24 ocorrências no Brasil esse ano. Desses, sete tiveram mortes, num total de 11 vidas perdidas.
Em 2024, foram 175 acidentes aéreos em todo o país, com 152 mortes.
Também houve ocorrências em outros países.
Entre os mais recentes, um jato executivo saiu da pista ao pousar em um aeroporto do Arizona, nos Estados Unidos, na segunda-feira (10), e bateu em outra aeronave estacionada. Uma pessoa morreu.
No dia 29/1, um avião comercial e um helicóptero militar bateram no ar em Washington, capital dos Estados Unidos, resultando em 67 mortes.
Trës dias antes, em São Paulo, um avião caiu na região da Barra Funda, matando duas pessoas. O piloto morreu.
Diversos fatores, mas seguro
Os três estados com o maior número de ocorrências no Brasil em 2025 são Minas Gerais (5), São Paulo (4), Mato Grosso (3).
Um que ganhou repercussão foi no aeroporto galeão, no Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (12).
O iG conversou com o aviador Fernando De Borthole, dono do canal no Youtube “Aero – Por Trás da Aviação”, em que dá dicas e explicações sobre o mundo aeronáutico.
De Borthole ressaltou que o caso do Rio de Janeiro pode ser considerado grave por todos os fatores ocorridos.
“A gente tem que enfatizar, não foi um acidente, foi um incidente grave. Primeira coisa, parabenizar a tripulação, isso mostra o quanto a aviação é segura e o como os elos de uma corrente foram cortados para não resultar num acidente aéreo. Teve um dano substancial na aeronave, na camionete, então, nem se fala, mas esse incidente grave não se transformou em um acidente por conta do excelente trabalho da tripulação, de abordar o pouso na hora correta e ter uma pista suficiente também para o avião parar sem problema nenhum”, explica.
Ele ressalta que é normal que uma viatura do aeroporto faça uma inspeção na pista, mas ela é interditada. “Nenhum avião vai operar numa pista que esteja passando por uma inspeção ou por uma manutenção”, completa.
Por que aumentou o número de acidentes de avião
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De Borthole afirma que o avião é o meio de transporte mais seguro do mundo. O que pode estar por trás do aumento no número de acidentes, segundo o piloto, é o aumento da quantidade de voos. Com mais aviões, o número de casos pode aumentar.
O que o aviador ressalta, porém, é a proporcionalidade. Cita, por exemplo, que se em 10 voos acontecer um acidente, a taxa é de 10%. Agora, no caso de um número três vezes maior de voos, com dois acidentes, a taxa fica perto de 6%.
“De pelo menos dez anos pra cá, se a gente pegar as estatísticas, teve um aumento significativo no número de operações aéreas. Se a gente considerar horas de voo voadas, o número de aviões voando, aumento de frota e tudo mais. No Brasil, também houve uma melhora da estrutura aeroportuária. Tem muito o que melhorar, mas muito já foi feito”, ressalta.
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De Borthole explica que no aeroporto de Guarulhos, por exemplo, já foi construído o terminal 3 em 2014.
“Vale lembrar que o Brasil poderia triplicar o número o número de passageiros transportados anualmente. O Brasil transporta metade da população, ou seja, pouco mais de 100 milhões de habitantes por ano, e poderia facilmente transportar 300 milhões de habitantes, melhorar ainda mais a infraestrutura aeroportuária, tudo isso fazendo comparação com países da Europa.
Processo de investigação de um acidente aéreo
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“O processo de investigação de um acidente começa com o trabalho do Cenipa, tem toda a coleta das informações. Tudo que seja relacionado àquele acidente, de alguma forma, desde a da situação do piloto anterior, situação da aeronave, manutenção, aeroporto, meio, tudo tudo que existe, até o fabricante da aeronave envolvido na investigação do acidente”, explica.
O especialista relata que quando é feita a coleta de todas as informações, é montada uma força de trabalho com profissionais de várias áreas. “Eles vão montar esse grande quebra cabeça para tentar entender o que que pode ter acontecido, e quais foram os fatores contribuintes que resultaram nesse acidente aéreo. A Partir disso, eles entram na terceira fase, que é a de relatório, que serve como um relatório preventivo, ou seja, para evitar que novos acidentes aconteçam pelo mesmo motivo”, ressalta. O aviador lembra que “a investigação aeronáutica não tem o intuito de culpar ninguém, mas de prevenir novos acidentes. Diferente de uma investigação policial”.
Fatores climáticos influenciam a aviação
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As mudanças climáticas impactam a aviação a longo prazo, mas, no dia a dia, tempestades severas podem levar ao fechamento de aeródromos, afirma Fernando De Borthole. “Isso acaba acontecendo nessa época do ano. Hoje temos muita tecnologia disponível para ajudar no planejamento de voo e na segurança das operações”, explica.
Segundo ele, a segurança depende de três pilares: tripulação, ambiente e máquina. “A tripulação bem treinada, com proficiência em dia e respeitando as limitações da aeronave e do ambiente, é essencial. Se o aeródromo está em boas condições e a manutenção da aeronave está em dia, o voo ocorre com total segurança.”
Ele cita o incidente grave no Galeão, envolvendo um Boeing 737, como exemplo da importância desses fatores. “A tripulação mostrou um ótimo fator de análise de risco e conseguiu evitar algo mais grave. Eles efetuaram o que precisava ser feito de acordo com o que tinham na frente”, conclui.
“O que a gente sabe é que foi feito um pouso forçado. Isso foi reforçado no áudio entre o piloto e a torre de comando do Campo de Marte, a aeronave pediu para retornar. Evidentemente uma avenida não é feita para receber um avião, mas tratando de uma localidade como Campo de Marte, não tem local para pouso, claro, que o piloto vai tentar o melhor possível. Acredito que que o piloto tenha feito aquilo que ele pôde para conduzir aeronave daquela forma e resultar em um estrago pequeno”, explica.
“Apesar de infelizmente os ocupantes da aeronave terem morrido, com certeza, eles conseguiram evitar que uma tragédia maior acontecesse”, completa.