O maior fundo de previdência complementar do país teve superavit de R$ 5,6 bilhões em 2022. No ano seguinte, foi de R$ 9,8 bilhões. De janeiro a novembro do ano passado, os investimentos tiveram um déficit de R$ 14 bilhões. TCU determina sindicância em contas de Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil
O Tribunal de Contas da União determinou que seja feita uma auditoria nas contas da Previ. O Fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil teve perdas bilionárias em 2024.
O pedido de auditoria é do ministro Walton Alencar. Ele considerou gravíssimo o déficit de R$ 14 bilhões registrado de janeiro a novembro de 2024 e disse que a situação eleva os riscos para o cumprimento dos compromissos da Previ. O ministro pediu urgência no levantamento.
“Diante do histórico desse e de outros fundos de pensão, de entidades públicas em situação claramente duvidosa, são sobremodo relevantes as informações disponibilizadas no próprio site da Previ. Os resultados obtidos no ano de 2024 dão causa a gravíssimas preocupações. Reitero a informação de risco absoluto para o erário e a relevância para fiscalização presente. Solicito, pois, providência junto à Secretaria Geral de Controle Externo para que a auditoria seja realizada com a urgência que o caso requer”.
Walton Alencar foi relator em 2024 de uma representação sobre supostas irregularidades na indicação de João Luiz Fukunaga para presidir a Previ. Na época, o tribunal decidiu arquivar a representação por falta de provas e solicitou informações sobre as decisões de investimentos do fundo.
A Previ é o maior fundo de previdência complementar do país. No principal plano de investimentos da Previ há quase R$ 230 bilhões, com aplicações diversificadas, como renda fixa, renda variável – principalmente ações de empresas -, investimentos imobiliários e no exterior. Segundo a Previ, o rendimento das aplicações flutua de acordo com o cenário econômico.
O plano da Previ teve superavit de R$ 5,6 bilhões em 2022. No ano seguinte, o superavit foi de R$ 9,8 bilhões. De janeiro a novembro de 2024, os investimentos tiveram um déficit de R$ 14 bilhões.
Desempenho principal – plano Previ
Jornal Nacional/ Reprodução
Em nota, a Previ afirmou que, mesmo com o déficit, o resultado acumulado – que considera o desempenho dos anos anteriores – ainda foi superavitário em R$ 528 milhões até novembro; que a Previ permanece sólida, pagando mais de R$ 16 bilhões em benefícios por ano, sem risco de contribuições extraordinárias pelos associados ou pelo Banco do Brasil.
Os fundos de pensão são fiscalizados pela Previc, Superintendência Nacional de Previdência Complementar, ligada ao Ministério da Previdência. Em nota, a Previc disse que:
“As oscilações do mercado financeiro e de capitais fazem parte do risco e não significam prejuízo. São flutuações econômicas normais, geralmente conjunturais, das carteiras de investimentos, que podem impactar positivamente ou negativamente a rentabilidade anual. Esses movimentos são acompanhados internamente, por todas as entidades fechadas de previdência complementar, e externamente pela supervisão e fiscalização da Previc. A Previ não tem déficit a equacionar”.