Victoria Pinese Sartorelli, de 24 anos, publicou um vídeo, que já soma mais de um milhão de visualizações, dizendo que acreditava ter pego o vírus na academia, o que foi negado e explicado pelos profissionais entrevistados pela reportagem. Estudante de medicina Victoria Pinese Sartorelli em São José do Rio Preto (SP) contraiu HPV
Victoria Pinese Sartorelli/Arquivo pessoal
Uma jovem, de 24 anos, descobriu que contraiu o vírus do papiloma humano (HPV) após procurar uma dermatologista com uma verruga no dedo em São José do Rio Preto (SP). A mulher publicou um vídeo, que já soma mais de um milhão de visualizações, dizendo que acreditava ter pego o vírus na academia.
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O relato da estudante de medicina Victoria Pinese Sartorelli causou susto e dúvida nos seguidores, uma vez que o HPV é relacionado a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Especialistas consultados pelo g1 explicam que o agente que causou a verruga é um subtipo do vírus, considerado inofensivo para a saúde.
Estudante de medicina Victoria Pinese Sartorelli em São José do Rio Preto (SP)
Victoria Pinese Sartorelli/Arquivo pessoal
Os profissionais ainda alertam: a jovem não teve uma IST e é impossível que tenha contraído o vírus na academia, uma vez que o agente não sobrevive em superfícies. Existem mais de 200 tipos e são transmitidos por mucosas ou lesões, ou seja, nem todos passam pelo sexo (entenda abaixo).
À reportagem, a estudante contou que percebeu um ferimento no dedo, que se assemelhava a um calo, em junho do ano passado. Por frequentar a academia, a jovem considerou que poderia estar relacionado aos aparelhos.
Estudante de medicina Victoria Pinese Sartorelli em São José do Rio Preto (SP) pegou HPV na mão
Reprodução/Tiktok
“Começou a sair uma lesão áspera e grosseira no meu dedo e eu achei que fosse um calo. Lentamente ela progrediu e, meses depois, virou uma verruga. Aí eu perguntei para a dermatologista e ela falou que era por HPV”, reflete Victória.
Sem sintomas, a jovem comentou que não se assustou com a infecção pelo vírus e que passou a tratar a verruga com ácido salicílico.
Estudante de medicina Victoria Pinese Sartorelli em São José do Rio Preto (SP) acreditou que contraiu o vírus na academia
Victoria Pinese Sartorelli/Arquivo pessoal
“Eu não tive nenhum sintoma. Quando ela me falou que era um diagnóstico de HPV eu não me assustei porque eu sabia que não estava relacionado ao que causa câncer no colo de útero”, salienta a jovem.
⚕️ O que dizem especialistas?
É importante entender que o HPV, papilomavírus humano, é um grupo de vírus capaz de infectar a pele ou as mucosas. Na pele, como no caso de Victoria, eles podem causar verrugas.
Para entender melhor sobre as formas de transmissão, o g1 entrevistou três especialistas.
A dermatologista Bruna Pestana de Souza, de São José do Rio Preto, explica que de acordo com o subtipo do vírus é possível determinar as causas.
“Existem diversos tipos de HPV e de acordo com a manifestação temos as possíveis causas. No caso descrito, o subtipo causa apenas lesões na pele, benignas, é causado por contato pele com pele, ou seja, de pessoa para pessoa e devem haver microfissuras na pele para que seja feita a transmissão. Não há relação com a contaminação sexual do HPV, que é causada por outros subtipos do vírus e por contato sexual”, explica.
Bruna Pestana de Souza, dermatologista, em São José do Rio Preto (SP)
Arquivo Pessoal
Ao ser questionada sobre a contaminação por meio dos aparelhos na academia, a médica afirma que é uma hipótese bastante improvável.
“A transmissão dos subtipos de HPV que causam verrugas virais em pele ocorre principalmente por contato pele com pele ou objetos de uso pessoal contaminados. Então, é improvável que tenha sido na academia, e sim de pessoa para pessoa”, finaliza.
➡️ O g1 Saúde também conversou com médicos especialistas e eles reforçam: não é preciso pânico. Essa versão do vírus é inofensiva, não é transmitida por qualquer toque na região genital e não é possível o contágio por superfície, como aparelhos de academia.
O contágio desse subtipo do HPV segue a mesma linha da versão genital: é preciso o contato pele com pele ou mucosa com mucosa de uma pessoa infectada para a transmissão. A médica ginecologista Fabiene Castro Vale explica que ele não resiste em superfícies e que seria impossível contrair ao encostar, por exemplo, em equipamentos.
O ginecologista Marcelo Steiner, ligado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), também reforça que ele não resiste nas superfícies e que não é motivo para ter medo de sentar em lugares públicos, por exemplo.
“A transmissão acontece no contato de pele com pele. Dificilmente você vai ter esses HPVs passando em situações como na academia, no assento do ônibus ou por toalhas, por exemplo. Se a gente pensar assim, em qualquer lugar que você tiver um contato com esse eventual vírus, você pode desenvolver uma verruga, né? E não é assim”, explica o médico.
A médica ginecologista Carolina Corsini, especialista no diagnóstico e tratamento do HPV, explica que essa versão do vírus é comum, até mesmo em crianças. Ela observa que a maioria das pessoas não percebe a infecção, pois o vírus não causa problemas de saúde, apenas uma reação na pele com o surgimento de verrugas.
A médica ginecologista e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fabiene Castro Vale, reforça que não há motivo para pânico, já que esse tipo de HPV é diferente do que causa a infecção sexualmente transmissível.
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