Por suspeita de negligência e maus-tratos, presidente do Lar dos Velhinhos de Volta Redonda é afastado do cargo


Afastamento ocorreu por decisão judicial liminar. Segundo o MPRJ, testemunhas relataram diversas negligências, como em casos em que era necessária a hospitalização e os abrigados foram mantidos no instituto. A Justiça determinou o afastamento do presidente do Lar dos Velhinhos de Volta Redonda (RJ), José João Sales. A medida atende a um pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), com decisão liminar publicada na última quarta-feira (1º).
O dirigente é investigado por negligência, ao não promover existência digna aos idosos abrigados no local e também por maus-tratos praticados contra eles.
Por ora, o vice-presidente Otávio Luiz Gama assumirá o cargo provisoriamente. A Justiça também determinou a convocação de Assembleia Geral para eleição e posse da nova diretoria, no prazo de 90 dias, conforme estatuto da instituição.
O g1 entrou em contato o Lar dos Velinhos de Volta Redonda, mas o instituto não havia se manifestado até a publicação até a reportagem.
Irregularidades
Na ação, promovida pela Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Volta Redonda, o MPRJ relata que foram identificadas inúmeras irregularidades a partir de relatos de testemunhas e inspeção realizada no local.
Entre elas, falta de medicamentos, atendimento prestado insuficiente por falta de profissionais, vidraças das janelas e das portas dos quartos quebradas, campainhas com defeito, quartos em desuso, pintura e azulejos gastos.
Situação do Lar dos Velinhos de Volta Redonda
Divulgação/MPRJ
Também houve uma denúncia sobre as condições do ambiente. Segundo relatos de testemunha, o local possui um forte odor de urina e é comum ver os idosos circularem nus, além de ter sido identificado caixas com resíduos infectantes acondicionados de maneira inadequada.
“[Os idosos] são negligenciados pelas responsáveis pela ILPI e submetidos a situações humilhantes, causando-lhes sofrimento físico, psíquico e, em alguns casos, a morte, havendo fortes indícios da configuração do crime tipificado no artigo 99, § 2º do Estatuto do Idoso”, afirmou a Promotoria.
A apuração também investiga casos de maus-tratos aos idosos abrigados e condutas irregulares de prestadores de serviço na instituição.
Uma ex-funcionária, que trabalhou no instituto por dois anos, relatou ter presenciado episódios graves de negligência com os idosos, como em casos em que era necessária hospitalização e eles foram mantidos no local.
“É um abatedouro. Os idosos chegam lá para morrer”, disse uma testemunha.
Em outro testemunho parecido, foi dito que os abrigados ficavam vegetando até morrer. Uma outra pessoa comentou que teve crise de pânico depois de trabalhar um dia lá.
Foi constatado também que há uma médica voluntária que nunca se faz presente no local. Por esse motivo, ela passou a ser chamada pelos funcionários de “Doutora Online”.
Uma testemunha contou que, em 11 anos, ela só a viu na instituição duas vezes. Além disso, a médica assina receitas médicas em branco para, na prática, uma enfermeira prescrever os medicamentos aos idosos.
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